Um dos destinos mais famosos da África é a isolada Chefchaouen, a cidade azul do Marrocos. Sua Medina é uma das localidades mais procuradas por influenciadores, fotógrafos e fanáticos por Instagram, pois todas as suas ruas possuem as paredes tingidas de azul, tornando a cidade um exemplar único.
Por que Chefchaouen é azul?
A maior atração de Chefchaouen é a cor azul das paredes de suas casas. Mas por que motivo elas foram pintadas desta cor?
Não existe uma razão comprovada.
A teoria mais aceita é de que, durante a Inquisição Espanhola, logo após a fundação da cidade no século XV, vários judeus sefarditas migraram para lá, e como costume judaico, pintaram a área em que habitavam de azul, pois a cor remete ao céu, e consequentemente, ao divino. Se pararmos para pensar, azul é uma cor bem comum no judaísmo, vide a bandeira de Israel e a cidade de Safed.
Além disso, naquela época a região seria infestada por mosquitos, e os árabes, ao verem que na área judaica da cidade os mosquitos não permaneciam, resolveram copiar e pintar todo o resto de azul. Isso se deve ao fato dos mosquitos associarem a cor à água, pois os insetos gostam de estar perto dela, mas não dentro dela. Não acho essa parte muito lógica não, até porque eu não duvido que mosquitos possam enxergar cor!
Se a cor afasta ou não os mosquitos não se sabe, mas certamente a cidade azul atrai outro tipo de enxame – de turistas – que garantem que a tradição perdure, pois asseguram o movimento na economia local.
A tranquilidade de Chefchaouen
Ao contrário da maioria das localidades turísticas do Marrocos, Chefchaouen é uma cidade bem tranquila, onde é possível caminhar, tirar fotos e observar a vida local sem muita preocupação.
Digo isso não pelo fato do Marrocos ser um país perigoso, muito pelo contrário, mas pelo assédio de seus moradores em cima dos turistas, muito comum em seus destinos mais turísticos. Como as medinas marroquinas funcionam como labirintos, os locais se fazem de guias pelas ruas da cidade para ganhar trocados. O que poderia ser um passeio pode ser tornar um pesadelo, de tão intensas e frequentes as abordagens e de tantos “nãos” que você terá que dizer no meio do caminho.
Isto, porém, não acontece em Chefchaouen. Na cidade azul do Marrocos, ao contrário do que ocorre em Marrakesh e Fez, o ambiente é muito calmo. Os moradores deixam os turistas caminharem no seu tempo, sem importunar. Além disso, Chefchaouen é uma cidade bem menor e (ainda) pouco visitada, o que facilita a vida dos viajantes.
Leia também: O deserto do Saara no Marrocos: uma viagem de Fez até Marrakesh.
9 Dicas do que fazer em Chefchaouen, a cidade azul do Marrocos
Você deve estar se perguntando o que tem para fazer em Chefchaouen além de… ver suas paredes azuis?
Ouso responder que não tem muito que fazer lá, além disso, não. Mas separei abaixo algumas dicas porque turista algum se contenta com uma passagem pela cidade só para fotografar suas casas.
Na lista do que fazer em Chefchaouen, a cidade azul do Marrocos, destacamos:
- Caminhar pela Medina (cidade antiga)
- Praça Uta el-Hammam
- Kasbah Museum
- Grande Mesquita
- Praça Bab el-Sor
- A cascata de Ras el-Maa
- Mesquita Espanhola no alto das Montanhas Rife
- Cascatas d’Akchour
- Comércio de maconha e visita a plantações
1. Caminhar pela Medina (cidade antiga)
A parte mais legal de visitar um destino turístico no Marrocos é poder se perder pelas ruelas da Medina, que é a parte mais antiga das cidades. A Medina de Chefchaouen se difere das outras do país por ter praticamente todas as casas e ruas tingidas de azul, tornando cada beco perfeito para uma foto.
Ao enquadrar suas imagens, tente enxergar além da cor azul que tinge as paredes das casas. A Medina de Chefchaouen foi construída na época da fundação do local, no século XV. Grande parte de sua arquitetura ainda é conservada desde aquela época.
Além de ressaltar a arquitetura, uma caminhada pela Medina também serve para observar o dia a dia dos locais, fazendo pães, vendendo peixes e fazendo suas orações.
A Medina hoje está bem voltada para o turismo, então espere ver várias bancas vendendo lamparinas marroquinas, peças de couro, roupas e tinturas. Vários restaurantes se estendem pelo lugar, mas fique atento que eles fecham cedo para os padrões brasileiros. Com o cair da noite, as mulheres locais não saem mais pelas ruas, só podendo ser vistos homens, então, caso você seja uma viajante mulher, não aconselharia a se afastar muito de seu hotel tarde da noite.
Onde ficar em Chefchaouen: Ficamos hospedados no Dar Meziana, uma pousada familiar que fica logo na entrada da Medina. Ao chegarmos nos receberam no portão de entrada e nos ajudaram com as malas caminhando pelas ruas labirínticas, algo essencial no Marrocos. Outro destaque é seu terraço, de onde é possível ver toda Chefchaouen.
2. Praça Uta El-Hamman
A praça Uta El-Hamman é o coração da Medina de Chefchaouen e é onde fica o antigo Kasbah da cidade. O ambiente da praça é bem fresco, arborizado, e cheio de restaurantes, que muitas vezes podem ser mais caros que os vistos na ruelas menores da Medina, por ser um lugar extremamente popular entre os turistas.
A praça é um ótimo lugar para relaxar e ver a vida passar. Várias vendinhas se encontram em um de seus extremos, num local onde os vendedores são mais agressivos na hora de abordar os turistas. Eles entram em restaurantes e tentam vender suas quinquilharias a quem estiver lá.
3. Kasbah Museum
O Kasbah Museum é um museu que funciona dentro do antigo palácio do sultão e fundador da cidade. A construção foi erguida no século XVIII, após a expulsão dos ingleses da região, para proteger a área de portugueses e espanhóis.
A arquitetura dos Kasbahs (que em árabe quer dizer cidadela) já é impressionante em si, pois são palácios construídos inteiramente de barro e que perduraram por séculos. É possível ter uma vista panorâmica da cidade do alto de uma das torres do Kasbah, além de visitar sua antiga prisão e seus pátios internos.
Este Kasbah de Chefchaouen especificamente, se destaca por possuir uma boa coleção de artefatos históricos. Entre eles estão ferramentas usadas por humanos na região durante a pré-história, artefatos gregos e romanos, de quando o norte do Marrocos foi ocupado pelo Império Romano, objetos da cidade romana de Volubilis, além de peças de joalheria local do século XVI.
A visita ao Kasbah é uma das únicas atrações não-gratuitas da cidade, mas pode valer a pena por toda a história marroquina que se encontra lá dentro de forma bem sucinta. Aproveite o ingresso e passeie também pelos seus pátios fotogênicos.
4. Grande Mesquita
A Grande Mesquita da cidade (existem várias outras, mas são difíceis de reconhecer no meio de tantas edificações sem identificação no interior da Medina) fica na Praça Uta El-Hamman, ao lado do Kasbah Museum, sendo bem fácil de localizar.
Foi construída no século XV a mando do filho do fundador da cidade e se diferencia das outras mesquitas pelo país por seu minarete ter o formado octogonal. Sua arquitetura foi inspirada na vista no sul da Espanha, na Andaluzia.
Infelizmente, visitantes que não sejam muçulmanos só podem observar a mesquita pelo lado externo.
5. Praça Bab El-Sor
Bab El-Sor é uma pracinha muito bonitinha e não tão frequentada em Chefchaouen, mas que merece uma visita. Se destaca pela sua fonte azul revestida de azulejos ao centro que a população usa para lavar roupas e se abastecer de água.
Além da fonte, os prédios em seu perímetro são ocupados por restaurantes bem arejados e de padrão mais econômico que os da Praça Uta El-Hamman, sendo uma boa opção a quem queira economizar uns trocados nas refeições.
É a melhor forma de ver um lugar genuíno na cidade, sem o apelo turístico e sem o assedio de locais, pois lá o turista fica livre para circular e escolher onde quer sentar e comer.
6. Cascata de Ras El-Maa
É uma pequena cascata no caminho para a Mesquita Espanhola, no alto das Montanhas Rife. A cascata em si não é bonita, não possui grande volume d’água (ao menos na época em que estivemos lá) e possui seu fundo acimentado.
A descrição não é das melhores, mas o interessante de ir até lá é poder ver os locais lavando suas roupas nela e se refrescando em dias muito quentes.
De todo modo, você irá passar por ela ao caminhar até a Mesquita Espanhola, então vale a parada. Tente chegar cedo para ver o movimento das mulheres lavando as roupas em suas margens e estendendo-as para secar nos arbustos ali no entorno.
7. Mesquita Espanhola e as Montanhas Rife
Chefchaouen fica em um vale cercado pelas Montanhas Rife, que cruzam várias cidades no norte do Marrocos. A paisagem da cidade, quando vista de lá do alto, é incrível.
Para conseguir ver a cidade deste ângulo, siga para a Mesquita Espanhola (ou Mosqueé Bouzâafar). É possível chegar até lá numa caminhada de 40 minutos partindo da principal rua de Chefchaouen. É um passeio com subidas e em solo um pouco acidentado, então é bom ir com um calçado confortável e em um horário de sol menos intenso.
A Mesquita foi construída pelos espanhóis durante a ocupação do Marrocos em 1920, como uma tentativa de ganhar o povo local, mas nunca foi bem aceita. Com o tempo caiu em desuso e hoje está em ruínas. Segue de pé, mas vazia.
Turisticamente, porém, a Mesquita segue relevante por conta da vista que se tem de toda a cidade de lá. Os locais mesmo vão até o sítio sentar durante a manhã em sua mureta e ver o tempo passar. Por ali passa também uma rota de outras cidades até Chefchaouen, então o local está constantemente em movimento.
Ir até lá durante o pôr do sol é uma ótima opção também, a vista não irá decepcionar.
8. Cascatas d’Akchour
As cascatas d’Akchour são uma das joias escondidas em Chefchaouen. Ficam a meia hora de carro da cidade e, talvez por isso, ainda são muito pouco exploradas por turistas. São duas cascatas verde esmeralda lindíssimas em meio à mata.
Ao chegar ao local, é preciso fazer uma trilha selva adentro, mas muito bem sinalizada, até chegar nas cascatas. No meio do caminho se encontram alguns restaurantes, pra quem não levou comida na viagem.
As melhores formas de chegar até lá é de táxi, ou alugando um carro. Os taxistas já conhecem bem o local e podem levar os turistas até lá em carros particulares ou coletivos. Quanto mais gente para dividir a corrida com você, mais barato sai. Uma forma mais confiável é pedir para que seu hotel reserve a corrida diretamente, mas provavelmente sairá mais cara.
Para ver como é a ida até lá, veja o texto do blog Tire a Bunda do Sofá.
9. Comércio de maconha e visita a plantações
Nunca que iríamos imaginar, mas o Marrocos, um país tão conservador onde até bebida alcoólica é difícil de encontrar, tem seu mercado de maconha. E um dos maiores centros fica justamente em Chefchaouen. Para quem fuma ou quer experimentar, a cidade é o ponto mais seguro no país para tal, sendo conhecida como a Amsterdam africana.
Sobre a maconha em Chefchaouen, muitos locais oferecem para comprar em suas vielas, o que foi uma surpresa, pois como disse, nunca imaginei que veria isso no Marrocos.
Muitas pessoas viajam para lá para conhecer suas plantações e existem tours especializados nisso. Os passeios podem ser agendados diretamente em seu hotel. Eles saberão indicar melhor que qualquer um.
Melhor site sobre Chefchaouen que encontrei! Parabéns! Estou planejando fazer uma viagem sozinha ao sul da Espanha e estava pensando em visitar algo no Marrocos e descobri que há um tour q inclui a travessia do estreito de Gibraltar e ida até à cidade azul por 2 dias, mas não está incluído guia local. Vc acha q é tranquilo uma mulher explorar a cidade sozinha?
Eu preferiria ter um guia local, não acho muito aconselhável ir pro Marrocos sozinha, já tive 2 relatos de amigas apedrejadas lá
Você contratou algum guia em Chefchaouen? Se sim, você poderia indicar por favor?
Não contratamos não. A cidade é minúscula, dá pra conhecer por conta própria.
Parabéns pelo blog. Vou visitar o Marrocos por 19 dias em abril/2020 sem agência de viagem. Gostaria de uma ideia de quais cidades e quantos dias em cada uma devo ficar. Obrigada
Oi Carmen, eu incluiria Marrakesh, Fez, Essaouira, Chefchaouen e o passeio pelo deserto do Saara.
Adorei seu post Larissa. Voce fez as cascatas d’Ackchour com guia ou fez sozinha ? Recorda quanto tempo deu de trilha ? Ela e tranquila ou e pesada ? Obrigada
Oi Cassia, a caminhada até as cachoeiras é de 2 horas mais ou menos. Mas eu recomendaria fazer com guia, principalmente se vc estiver sozinha, o Marrocos não é seguro para mulheres viajando sozinha.
Chefchaouen é sensacional né Larissa? Parabéns pelo post, ta bem completo. E obrigado pelo link!
Obrigada pelo comentário, Beneth! Sim, adoramos lá, muito fotogênica!