Sentir, chorar, sofrer, começar a absorver, deixar a dor virar saudade, lembrar com carinho. Deixei todas essas etapas passarem para conseguir escrever um texto decente e saber respeitar o meu momento. Escrever sobre perda nunca é algo fácil, ainda mais abrir seu coração para várias pessoas poderem ler.
Perder alguém querido durante uma viagem, enquanto estivesse fora do Brasil sempre foi meu maior medo. Antes de partir para um ano de Nova Zelândia tive várias crises antecipadas, deixando o medo encher meu imaginário, me fazendo chorar por algo que não havia acontecido e nem saberia se iria acontecer. Perder alguém e não poder dizer adeus sempre foi minha maior preocupação em uma viagem.
Já havia passado por experiências de perda antes, como quando estava em uma lan house no Chile, conversando com meus pais pelo MSN na época, pedir para ver meu gato pela webcam e descobrir que ele havia morrido atropelado. Foi meu primeiro encontro com a morte em uma viagem.
Meu gato era extremamente querido e eu o amava muito. Mesmo assim, nada se compara a perder um parente, principalmente um avô. E foi isso que aconteceu.
Meses atrás eu tive que encarar certamente o momento mais difícil de todas as viagens da minha vida. Meu avô, a quilômetros e mais quilômetros de distância, deixava de viver. Ia, sem dizer adeus e de uma maneira totalmente inesperada.
Ficar sabendo que uma pessoa tão amada, que sempre esteve presente na sua vida de uma maneira tão leve e linda, havia deixado o mundo – que eu tanto quero conhecer – pelo Skype é cruel demais. É cruel, pois eu não estava lá. Não podia abraçar meus pais, minha avó, não podia me acabar de chorar entre eles, compartilhar da minha dor com quem também estava sentindo o mesmo. Não podia me despedir dele em seu enterro. Me culpei, mesmo sendo algo estúpido, afinal, que culpa eu tinha? Me culpei por estar longe, por não estar lá. O seguro que havia escolhido ainda tornava mais cruel a minha experiência, pois não permitia que eu voltasse ao Brasil caso um parente com mais de 75 anos falecesse, como se uma pessoa dessa idade não tivesse nada certo a não ser morrer.
Para mim, até hoje, mesmo as lembranças terem evoluído de lágrimas a sorrisos, a ficha não caiu. Parece que tudo continua o mesmo que deixei quando parti. O baque será grande quando voltar e sei que terei que passar por isso. Preciso. Para deixar minha mente um pouco em paz.
Hoje, milhões de lembranças inundam minha mente, pensamentos tão queridos, que antes me faziam chorar na mesa de jantar, hoje me fazem sorrir e ser grata por ter vivido tanto tempo com ele. Sou grata por ter essas lembranças. São elas que ficarão para sempre, para onde quer que eu vá. E sei que meu avô estará comigo. Para onde quer que eu vá.
Coincidentemente hoje é o dia do aniversário dele. Não foi planejado, juro.
Pensando em fazer uma viagem.
Vai em frente, Fabrício!
Olá Larrisa,
Queria compartilhar esse link com você. Espero q goste: https://vimeo.com/118054196
É sobre o Ricardo, que faleceu vítima de um tiroteio. O texto do Santo Agostinho é simplesmente demais
Larissa, venho lendo seu blog como fonte para viagem que planejo em dezembro de 2.016 para voltar a Oceania e desta vez na Nova Zelandia toda.
Voce não perdeu, desfrutou com amor de toda relação afetuosa que seu avô lhe proporcionou.
Dedique-lhe uma rosa, com fez Chhistofer Maloney, no X Factor Australia.
https://youtu.be/k1T9-I3wx8I
Que Deus lhe console.
Celso.
Olá Celso, muito obrigada pelas palavras de consolo e pela dica da vela.
Agradeço imensamente.
Bom retorno à Oceania!
Larissa