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Como fotografar a Via Láctea em 6 passos (com câmera profissional ou celular)

Como fotografar a Via Láctea: a Via Láctea no meio da foto na horizontal com árvores no canto direito

Ao viajar para lugares afastados, em cantos remotos do mundo, muitos viajantes se veem diante do céu mais estrelado de suas vidas. Nestas horas, em especial àqueles aficionados por fotografia, saber como fotografar a via láctea e as estrelas de nossa galáxia em todo o seu esplendor é essencial para conseguir voltar para casa com uma lembrança inesquecível de uma experiência que já não é mais possível de ser vivida por quem mora nas grandes cidades.

Para saber como fotografar a Via Láctea é preciso ter um mínimo de técnica, mas hoje em dia, com toda a tecnologia em nossas mãos, já é possível capturar as estrelas até mesmo com o celular.

Nós já pudemos visualizar a Via Láctea a olho nu em vários pontos do mundo e nos apaixonamos pelas técnicas de fotografia do céu noturno, a astrofotografia.

Abaixo, deixamos aqui um passo a passo básico para quem quer se iniciar nesta área, trazendo de recordação fotos de suas próximas viagens do céu estrelado.

Como fotografar a Via Láctea?

Como fotografar a Via Láctea. A galáxia no lado direito da imagem subindo pelo céu, um barco ancorado em um pequeno porto e algumas árvores no canto esquerdo
O céu da Nova Zelândia

Para conseguir fotografar a Via Láctea é preciso reunir um conjunto de fatores, técnicos, climáticos e atmosféricos, para que a experiência dê certo. Muitos deles são imprescindíveis para que se obtenha uma foto decente, então é preciso um mínimo de estrutura e de muita paciência.

O equipamento necessário

Claro que para esta tarefa, ter uma câmera profissional, com controle manual, já ajuda e muito no processo, mas hoje em dia é possível fotografar com o celular também. Basta baixar um aplicativo que mude as configurações da câmera do aparelho móvel para manual. Ou seja, você PRECISA ter uma câmera que te permita controlar manualmente suas funções.

Fora isso, as configurações e maneiras de fotografar a Via Láctea são as mesmas, tanto para câmera quanto para celular.

1.     Escolha o local a ser fotografado

Como fotografar a Via Láctea: a galáxia no meio da foto bem iluminada

Para conseguir fotografar a Via Láctea, antes de tudo você precisa estar no lugar certo na hora certa. Estar em um local afastado das grandes luzes da cidade é imprescindível. Ou você já conseguiu ver a Via Láctea do Rio ou São Paulo? Duvido. A proximidade das luzes artificiais impede o olho humano (e a câmera) de enxergar as luzes celestiais.

Para escolher bem o local, baixe um mapa que mostre a poluição luminosa no mundo. Minha recomendação é o Light Pollution Map que é gratuito. Ao visualizar o mapa, quanto mais clara for a área, mais visibilidade celestial você terá. Ou seja, fuja das áreas marcadas com cores saturadas.

Outra informação a ser considerada é o hemisfério a ser fotografado. A Via Láctea fica mais visível em quase toda sua extensão no hemisfério sul do planeta. Isso não impede que você tente fotografá-la no norte, mas a galáxia só estará à vista da metade ao sul do céu, enquanto no hemisfério sul ela se espalha sobre toda a cabeça.

2.     Escolha o dia a ser fotografado

A igreja mais famosa da Nova Zelândia a noite
Em dias de lua cheia é praticamente impossível capturar a galáxia

O dia também vai dizer muito sobre se será possível capturar a Via Láctea ou não, por conta do clima e da previsão do tempo. Dias nublados devem ser riscados por motivos óbvios, as nuvens esconderão as estrelas, não importa onde você esteja.

Outro fator a ser levado muito em conta é a lunação. Saber em qual fase da lua estará no dia que você escolher para fotografar é de suma importância. Evite os dias de lua cheia, pois será praticamente impossível capturar as estrelas com tanta luz vinda do nosso satélite natural.

Os melhores dias para se fotografar a Via Láctea são os de lua nova, mas nada impede que você tente fotografar em dias de crescente ou minguante também, caso não tenha outra opção.

Independente da fase da Lua, vale também checar os horários de nascer e pôr do satélite terrestre. Mesmo em dias de lua cheia, por exemplo, é possível fotografar a via láctea em horários onde a Lua esteja abaixo do horizonte.

Para ver esses detalhes do céu, existe outro aplicativo chamado Photo Ephemeris, que também é gratuito.

3.     Aprenda a localizar a Via Láctea no céu

via lactea

Não é sempre que a Via Láctea está presente no céu, depende bastante da época do ano. No verão é certo de ver a galáxia, mas o horário em que ela nasce e se põe muda bastante de mês a mês (sim, estrelas nascem e põem também, assim como o sol).

Caso você não consiga obter uma boa imagem da Via Láctea por estar fora do período que ela está amostra, nada te impede de tirar fotos de outras constelações. Para isso, é importante baixar o aplicativo chamado Stellarium, que também é gratuito e mapeia o céu inteiro.

4.     Escolha o equipamento fotográfico

Como fotografar a Via Láctea: A Via Láctea subindo por trás de uma casa iluminada pelos postes a noite

A escolha do equipamento fotográfico ditará se será possível fotografar a Via Láctea ou não. Câmeras profissionais, tanto DSLR quanto mirroless farão o trabalho perfeitamente caso você as regule corretamente.

Já nos celulares é preciso baixar um aplicativo gratuito chamado Camera FV-5. Ele adapta a câmera do celular para o modo manual, e aí sim você terá liberdade para regular da melhor forma. Sem isso é impossível fotografar a Via Láctea com o aparelho móvel.

Outra informação importante também é possuir um celular relativamente novo. Não adianta nada querer fotografar o céu com um aparelho antigo, pois o aplicativo nem sequer será compatível. Caso você possua um celular comprado dos anos 2016 pra cá, já costuma ser o suficiente.

As lentes são muito importantes na composição também. Quanto maior a abertura do diafragma, mais luz entra na câmera, e melhor ela consegue capturar em ambientes com pouca luz, o que é perfeito nesse caso.

E para encerrar, outro item indispensável nessa lista é o tripé. Não importa se for câmera profissional ou celular. Por causa da regulagem usada na câmera para capturar a Via Láctea, ela precisará ficar extremamente estática para evitar qualquer balanço, caso contrário a imagem sairá borrada.

Caso queiram saber, todas essas nossas fotos da Via Láctea foram tiradas com uma Canon 6D e uma lente 24-70mm f/2.8.

5.     Regule a câmera para fotografar a Via Láctea

A Via Láctea no meio da foto

Após ter escolhido o local, o dia, ter visto a previsão do tempo, as fases da lua, ter localizado a Via Láctea e ter a câmera e tripé em mãos, é hora de saber regular para que a foto saia perfeita.

Fotografe em .RAW, caso possível, que é o arquivo cru da câmera, sem a compressão que existe nos arquivos .JPEG. Ela permitirá uma melhor edição posteriormente.

Caso tenha uma DSLR, coloque-a em modo live view, onde é possível ver a imagem em antemão no sensor da câmera. No celular a imagem irá se formar na tela de qualquer forma, como qualquer foto tirada nele.

Ache uma estrela bem brilhante no céu e foque nela no manual, assim você deixará sua foto o mais nítida possível. Outra opção é deixar o foco no infinito, mas nesse caso ainda há sempre o risco da imagem não sair totalmente focada.

Comece testando as imagens. Tente inicialmente com o ISO 3200 para que a imagem tenha menos ruídos. A partir do ISO, regule a abertura e a velocidade. Quanto maior a abertura, melhor, e quanto mais lenta a velocidade, também. O segredo da fotografia é saber balancear essas 3 informações. Use como teste, junto com o ISO 3200, a abertura 2.8 e a velocidade de 20 segundos. A partir dessa primeira foto com essa primeira regulagem, você poderá estudar se precisa alterar alguma das configurações.

Caso precise modificar a regulagem, tente deixar a abertura como está e mude somente o ISO e a velocidade. Tome cuidado com o ISO alto demais, pois ele pode granular a imagem. Evite também exceder os 30 segundos de exposição ou você começará a capturar o movimento das estrelas no céu.

6.     Trate as melhores imagens na pós-edição

A Via Láctea subindo por trás de uma casa com árvores no entorno

Depois de dezenas de fotos tiradas, é hora de jogar as imagens no computador ou no celular e tratá-las para realçar suas características. Nessa hora o arquivo .RAW fará muita diferença no resultado final.

Eu utilizo os programas Lightroom e Photoshop, ambos da Adobe. Já no celular, gosto de editar com o VSCO e o Snapseed.

Tenha em mente que menos é mais. Quanto mais intervenções você fizer, mais artificial e com baixa qualidade ficará sua imagem.

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Sobre o Autor

Larissa Pereira

Escritora de viagens, fotógrafa e graduada em história da arte, Larissa equilibra com maestria suas muitas paixões. Seus artigos exibem uma perspectiva histórica e cultural em suas narrativas de viagem, transformando cada destino em uma tela rica em detalhes e curiosidades.

Como fotógrafa, Larissa utiliza sua lente para registrar todos os momentos do blog, traduzindo a beleza de cada local em histórias visuais. Seu olhar para detalhes aprimora a experiência, permitindo que os leitores embarquem virtualmente em suas viagens.

Larissa é também a apresentadora do canal do Vida Cigana no YouTube, onde compartilha dicas e explica atrações em detalhes, desenvolvendo itinerários e inspirando outros a vivenciarem suas próprias jornadas.

27 Comentários

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  • Hoje vi algumas imagens da Via Láctea, em um grupo no Facebook, e outras fotos do céu noturno, fiquei completamente apaixonada, nunca tinha pensado em capturas noturnas do céu. Preciso de dicas, pretendo comprar um telescópio, já tenho câmera 80D Cannon, uso as vezes, mas nem sei por onde começar, pois nem sei onde e como identificar as estrelas. Alguém pode me dar dicas?.

  • “oLá Rissa”. Obrigado pelas informações, simples e valiosas. Recentemente comprei um bom tripé, exatamente para a captura desse caminho “deleite” noturno. rsrs Era isso mesmo, essas orientações, que estava procurando, valeu.

  • Olá Larissa, muito obrigado pela excelente partilha! Já há algum tempo que procurava algo que de uma forma directa e simples pudesse capacitar-me para fazer este tipo de fotografia e aqui sem dúvida encontrei resposta a isso. Reitero o meu obrigado, cumprimentos a partir de Aveiro, Portugal.

  • Gostaria de começar. Mas como um hobbie. Uma câmera Canon EOS Rebel T100 eu consigo fazer trabalhos como esse? Ou vou precisar de uma lente ou câmera melhor? Obrigado pelas dicas

  • Muito bem. Só falta explicar a regra dos 500…ou seja: O número 500, dividido pelo valor da sua distância focal, e o resultado é o tempo máximo de exposição sem arrasto de estrelas. No artigo fala em 20s, mas com 20s só vai conseguir uma foto de jeito com lentes grande angular até 24mm. Se fotografar com 55mm já só vai conseguir um tempo de exposição de 9s.
    Claro que para apanhar a via láctea e sempre bom quanto mais abertura e menos distancia focal melhor, mas essa regra premi-te ao fotografo saber muito facilmente o tempo de exposição máximo consoante a lente que tem. Eu até costumo alterar a regra e fazer 450/distancia focal, porque o tempo máximo na regra dos 500 nem sempre resulta e com 450 já fica sempre bem.

    • Obrigada pelo comentário, Neubert, que bom que gostou das dicas! Depois nos marque no instagram quando fizer as fotos pra gente ver como ficou: @vidaciganablog

  • Boa noite, Larissa.
    Acabei de ler seu post sobre Chernobyl, espetacular.
    Gostaria de saber se já foram para Berlim? Cracóvia e Auschwitz?
    Última pergunta rsrsrs, Europa em janeiro é mta roubada ou dá pra aproveitar?

    • Oi Guilherme, obrigada por seu comentário!
      Nunca fomos para a Alemanha nem para a Polônia, mas está na lista.
      Sobre janeiro na Europa, depende muito de onde você esteja pensando em ir. Tem países que vão estar bem frios e escurecendo bem cedo, outros nem tanto. Mas sempre dá para aproveitar, se tiver disposição para turistar no frio.

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