Chegar sem saber o que fazer em La Paz pode fazer o visitante se perder no meio do caos da maior cidade da Bolívia.
La Paz é daquelas cidades que atraem e repelem os turistas pelos mesmos motivos. É uma cidade enorme – uma metrópole erguida em meio à altitude dos Andes, onde o moderno e as tradições indígenas se encontram em cada uma de suas esquinas.
A Bolívia, como país latino e pobre, sofre todas as consequências sociais e econômicas que esta combinação carrega. Assim, é em La Paz, por ser sua maior cidade, que estes contrastes ficam mais evidentes. E talvez seja esta a característica que mais intrigue os viajantes que visitam a cidade. É em La Paz que se vê e se entende o que é a Bolívia.
O que fazer em La Paz, a maior cidade da Bolívia
La Paz é a maior cidade da Bolívia, mas suas atrações se concentram numa área pequena do centro, fácil de ser percorrida a pé.
Fora dali, La Paz ainda permite que o viajante use a cidade de base para conhecer atrações das mais diversas em seus arredores. Montanhas nevadas, ruínas pré-incaicas, o lago mais alto do mundo e até uma descida dos Andes à floresta de Yungas podem entrar no roteiro de quem explora o que a cidade tem a oferecer.
As principais atrações de La Paz são:
- Praça Murillo
- Congresso
- Palácio Quemado
- Catedral
- Calle Jaén
- Igreja de São Francisco
- Calle Sagarnaga
- Mercado das Bruxas
- Os mirantes de La Paz
Já quem quer estender a viagem até os arredores da cidade, pode incluir no roteiro:
Para conhecer o básico da cidade, circulando apenas pelo centro, dois dias em La Paz podem ser suficientes. Já para quem quer incluir os passeios aos lugares mais distantes, serão necessários quatro ou cinco dias de estadia.
Ao planejar o que fazer em La Paz, considere ainda que, por conta da altitude, os primeiros dias na cidade podem ser perdidos pelos enjoos causados, caso a aclimatação não seja feita adequadamente. Atenção redobrada deve ser dada se o roteiro incluir as atrações que levam o visitante a pontos ainda mais elevados do que o centro da cidade, como o Chacaltaya e o Huayna Potosí. Estes, jamais devem ser visitados sem a certeza de estar habituado à altitude e devem entrar no roteiro, preferencialmente, nos últimos dias de viagem.
Leia mais: Salar de Uyuni, como visitar o maior deserto de sal do mundo, na Bolívia.
Praça Murillo
No papel, La Paz não é a capital da Bolivia. A Constituição diz que a capital do país é Sucre. Mas é em La Paz que ficam as sedes dos Poderes Executivo e Legislativo, fazendo da cidade a capital de fato, apesar de não oficialmente.
A Praça Murillo é onde melhor se pode observar o caráter institucional, a realidade e o histórico político de La Paz. A sua volta ficam o Palácio Presidencial, o edifico do Congresso e a Catedral da cidade.
A praça, sempre cheia de gente (e pombos) é um ótimo local para começar a explorar a cidade, observando seu cotidiano.
Por conta dos edifícios que a circundam, a região é fortemente policiada, pois serve de local para manifestações políticas, que na Bolívia, são frequentes. Fique atento.
O edifício do Congresso
O edifício que mais se destaca na Praça Murillo é o Palácio Legislativo. A sede do parlamento boliviano funciona numa construção neoclássica que ocupa quase por inteiro uma das arestas da praça.
Para nós, turistas, o Congresso também é o local mais interessante de se conhecer da praça, visto que são permitidas visitas guiadas pelo interior. O tour deixa evidente, pela história política boliviana, o quanto a situação atual do país é consequência direta de sua instabilidade política. Impressiona também ver como, num país majoritariamente indígena, foi apenas recentemente, com a chegada do Presidente Evo Morales ao poder, que eles conseguiram alguma representatividade política.
O Palácio Quemado
Próximo ao Palácio do Congresso, em outra edificação neoclássica, mas menor, funciona o Palácio de Governo, chamado popularmente de Palácio Quemado, onde fica a residência oficial do Presidente boliviano. O prédio está onde originalmente funcionava o cabildo de La Paz, a sede administrativa erguida pelos espanhóis nos tempos coloniais.
A denominação de Palácio Quemado vem desde o século XIX quando numa das revoltas que o país acompanhou o edifício foi incendiado e posteriormente reerguido.
A catedral de La Paz
Ao lado do Palácio Quemado fica a catedral de Nossa Senhora da Paz, que dá nome à cidade. A arquitetura da igreja segue a dos demais edifícios e elementos da praça, tendo um frontão neoclássico bem evidente e várias colunas coríntias na fachada.
Calle Jaén
A arquitetura colonial não foi preservada em La Paz como aconteceu em outras cidades bolivianas como Sucre e Potosí (ambas consideradas patrimônio da humanidade pela UNESCO). Hoje, há poucas opções para o turista ver um pouco como era a cidade em tempos anteriores a independência. A melhor alternativa para isso é a Calle Jaén.
A Calle Jaén é uma rua estreitinha, fechada para pedestres, com piso de pedras portuguesas e um casario colorido do século XVIII, de lado a lado, muito bem preservado. A conservação se dá porque historicamente viveram nesta rua dois dos mártires da independência boliviana: Pedro Murillo (que dá nome à praça principal da cidade) e Apolinar Jaén, homenageado nesta rua.
Atualmente a Calle Jaén reúne em seus edifícios pequenos museus, como o das Pedras Preciosas e o dos Instrumentos Musicais, além de lojas, bares e restaurantes, que dão à rua um caráter distinto de todo o restante da cidade.
Ao programar o que fazer em La Paz, inclua a Calle Jaén logo no primeiro dia de viagem. A rua fica a uma rápida caminhada de distância da Praça Murillo e é uma ótima opção para se ambientar à cidade enquanto ainda se acostuma com a altitude.
Igreja e Convento de São Francisco
Seguindo o rol de atrações do tempo colonial de La Paz, o edifício que mais se destaca é o conjunto da Igreja e do Convento de São Francisco.
Localizada na praça de mesmo nome, junto a principal avenida do centro e na esquina da Calle Sagarnaga, a igreja é a mais popular entre os visitantes de La Paz, devido a sua imponência e fácil acesso.
Historicamente La Paz era dividida pelo rio Choqueyapu, que hoje corre sob o centro da cidade. De um lado ficava a parte espanhola da cidade, com suas praças e ruas regulares, onde hoje está a Praça Murillo. Do outro, ficava o trecho indígena, justamente onde está a Igreja e o Convento de São Francisco.
No local onde está existia uma igreja desde os tempos da fundação da cidade, com o exemplar atual sendo erguido em meados do século XVIII . Feita com mão de obra indígena, seus adornos misturam temáticas europeias e andinas, tornando-a uma das mais importantes construídas neste estilo na América do Sul.
Calle Sagarnaga
Ao lado da Igreja de São Francisco, a Calle Sagarnaga não é propriamente turística, mas por sua localização, reúne toda a infraestrutura necessária para atender bem aos visitantes. São restaurantes, casa de cambio, agências de viagens e muitos hotéis. A buscar o que fazer em La Paz seus dias invariavelmente passarão por esta rua.
Para ficar bem localizado, reserve seu hotel nas proximidades para ter a certeza de ter uma boa estadia. Nas primeiras vezes que estive em La Paz fiquei no Hotel Sagarnaga, que é ótimo, muito procurado pelos viajantes e por isso, pode esgotar rápido. Foi o que aconteceu quando estivemos na cidade pela última vez e acabamos ficando no Hostal Maya Inn, que fica logo em frente.
Leia mais: Onde ficar em La Paz, dicas dos melhores bairros para ficar bem hospedado na Bolívia.
Mercado das Bruxas
Subindo a Calle Sagarnaga você logo chega ao Mercado das Bruxas, um conjunto de lojas que se espalha por várias ruas do centro, mas concentrado especialmente na Calle Linares.
Na Bolívia se cultua a Pachamama, deusa andina vinculada à Terra ou ao Universo. Para agradá-la e ter sorte na vida e nos negócios, é preciso fazer oferendas a ela. Qualquer que seja o ingrediente necessário é no Mercado das bruxas que você irá encontrá-lo.
Com o tempo, a região se tornou um mercado turístico comum, onde se vende artesanato, roupas e as típicas quinquilharias que se compra como lembranças de viagem em qualquer cidade. Mas o que mais se destaca, no entanto, e que dá nome ao mercado, são os produtos esotéricos como poções, ervas medicinais, amuletos e todo o tipo de ingrediente para um feitiço. Os mais impressionantes deles são os, atenção, fetos de lhamas mumificados.
Pela tradição local, toda a pessoa que for erguer sua casa ou negócio precisa enterrar um destes fetos em sua pedra fundamental para ter sorte e a proteção de Pachamama. Segundo dizem, os fetos são abortados naturalmente pelas lhamas, pois somente um dos filhotes por ninhada costuma vingar, diminuindo um pouco o choque pela situação.
Os Mirantes de La Paz
Localizada num vale, La Paz é repleta de mirantes de onde se pode ver (e tirar fotos) de toda a cidade. O mais próximo ao centro e mais acessível sem carro é o Killi Killi, que fica a um quilômetro (em subida, claro) da Praça Murillo. Outra opção próxima é o Laikakota, que fica dentro de um parque municipal.
Caso não queira ou não aguente caminhar, desde 2017 a Uber já funciona em La Paz, servindo como ótima opção para acessar estas partes mais distantes da cidade.
O que fazer em La Paz: as atrações de fora da cidade
La Paz serve como base para explorar várias atrações do altiplano boliviano que podem fazer o viajante querer estender ainda mais a estadia na cidade. A melhor forma de fazer estes passeios é contratando agências locais que costumam ter pacotes já predefinidos, com saídas todos os dias para os mais populares. Na Calle Sagarnaga você encontrará diversas agências e poderá fazer uma pesquisa de preços entre as que mais agradarem ou oferecerem os melhores preços.
Valle de La Luna
Valle de La Luna é uma área ao sul da cidade repleta de formações rochosas esculpidas pela erosão que fazem a paisagem se parecer com a Lua, dando nome à atração.
O Valle de La Luna é o passeio mais próximo a La Paz e o único que pode ser feito por conta própria. Isso em teoria, porque o acesso até lá é bem ruim. Como as agências de La Paz costumam incluir uma passagem pelo Valle de La Luna no mesmo tour que leva até o Chacaltaya, vale mais a pena fazer o passeio completo do que tentar conhecer a região sozinho.
Em outros blogs: Leia no Viagens e Caminhos como fazer o passeio pelo Valle de La Luna
Chacaltaya
O Chacaltaya é uma das enormes montanhas andinas que circundam La Paz e a mais acessível delas. Uma estrada aberta para veículos leva os visitantes até bem próximo do cume, precisando de apenas uma curta caminhada como complemento.
No topo da montanha funciona a estação de esqui mais alta do mundo, mas que permanece desativada pela dificuldade recente de se ter condições de uso devido às mudanças no clima.
Antes de planejar sua visita, verifique com uma agência as condições de acesso à montanha. Nos períodos de nevasca o acesso pode ser bloqueado pela neve. Já no verão o problema são os deslizamentos de terra, comuns nesta região dos Andes.
Huayna Potosí
Ao buscar o que fazer em La Paz, o Huayna Potosí costuma ser uma alternativa ao Chacaltaya quando o acesso a este está fechado.
Diferente do Chalcataya, por aqui só é possível chegar ao topo com equipamento profissional de escalada, mas um passeio simples pode levar até a base da montanha, o que já da uma experiência bem legal.
Foi o que aconteceu em minha primeira visita à cidade. O acesso ao Chacaltaya estava fechado e optei pelo Huayana Potosí. Como era a primeira vez que saía do país e a primeira vez que via a neve, para mim foi um dos melhores passeios da cidade, mas admito que pode não ser tão interessante para quem já viveu experiência parecida em outros lugares.
Tiawanaku
Tiawanaku foi uma civilização pré-incaica que ocupou o altiplano andino desde tempos antes de Cristo. O centro deste império funcionava em uma cidade localizada próxima a La Paz, no caminho entre a capital e o Lago Titicaca. O sítio arqueológico conta com um museu e o conjunto de ruínas, ainda parcialmente cobertas pelo terreno.
Para visitar Tiawanaku por conta própria deve se ir ao Cemitério de La Paz, de onde partem os ônibus que seguem até o povoado que existe próximo às ruínas. A viagem dura uma hora e meia e pode ser feita como um passeio estilo bate e volta saindo de La Paz.
Mais prático do que isso, pode-se contratar um dos passeios das agências que visitam as ruínas em tours guiados de um dia de duração.
Estrada para Coroico
A estrada da morte. Ou a estrada mais perigosa do mundo. Com estes epítetos a rota que liga La Paz a Coroico, nos Yungas da Bolívia, ganhou fama e atrai viajantes que tenham um perfil mais aventureiro.
O passeio oferecido é um downhill de bicicleta pelos quase 3000 metros de desnível entre La Paz e a cidade de Coroico numa estrada sem qualquer proteção entre a pista e os penhascos andinos.
Hoje, indo de carro ou ônibus, o caminho que liga as duas cidades é feito por uma estrada mais nova, inaugurada em 2006. Mas o que atrai os turistas é justamente a adrenalina causada pela estrada velha.
Ao que quiserem encarar não é preciso dizer, mas todo cuidado é pouco na hora de reservar o passeio. Pesquise bastante o histórico das empresas e fuja das que parecem ser baratas demais para não entrar numa furada.
Qual foi a data da sua viagem, Carlos e Larissa?
Top Carlos, estive em La Paz em 2018 pro meu primeiro mochilão até o Chile, vou retornar esse ano pra seguir pra Cusco e Colômbia, vim parar aqui pesquisando outras coisas a fazer em La Paz que não tive oportunidade e é incrível como sempre têm outras possibilidades de se explorar. Parabéns pelo Vida Cigana, vida longa, abraço.
Obrigada pelo comentário, Wesley! Queremos muito voltar e fazer Cusco novamente, dessa vez com menos pressa. Impossível ver tudo, né?
A foto que diz ser o Chacaltaya, na verdade trata-se do nevado Hayna Potosi, visto da estrada que vai para o Moonte Chacaltaya.
Obrigada pela informação, vou modificar!
qual o valor dos passeios aos arredores de la paz?
Oi Antonio, sobre os passeios em particular não temos como te dizer, até porque depois de um tempo eles ficam desfalcados. Você pode ver nas próprias agências da cidade, que possuem preços baixos e várias opções.
Outra é pesquisar no Trip Advisor, lá você pode ver os passeios que te interessar.
Abs