Como uma pequena cidade-estado com limitações territoriais, Singapura não possui muito atrativos que naturalmente justifiquem uma estadia prolongada de seus visitantes. Ainda assim, esse pequeno país conseguiu colocar seu nome na cabeça de viajantes de todo o mundo e se tornou destino certo de turistas das mais variadas tribos. Mas fazer turismo em Singapura se difere em quê do restante do Sudeste Asiático?
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Turismo em Singapura: A cidade artificial
A fama turística de Singapura pelo mundo se confunde um pouco com aquela que é associada aos Emirados Árabes, como Dubai e Abu Dhabi, ou Doha, no Qatar. É uma notoriedade criada por estes pontos do planeta ao se tornarem canteiros de obras para mega projetos arquitetônicos e urbanísticos – construções erguidas para renovar a face local e se tornarem símbolos para o mundo exterior, com o intuito claro, de atrair mais turistas.
Deste modo, em anos recentes, Singapura fez surgir, só na região de Marina Bay, o Marina Bay Sands e o Gardens by the Bay, por exemplo. E nem preciso descrever cada um deles, porque basta colocar as fotos aqui em baixo e tenho certeza que você vai saber do que se tratam.
Desenvolveu também a ilha de Sentosa para receber um grande espaço temático, sendo alocados lá um Parque da Universal, o SEA Aquarium, desenvolvidas praias próprias para banho (artificiais claro), entre outras muitas atrações.
Com todas estas modificações surgindo, e auxiliada ao seu enorme aeroporto, o Shangi, por muitas vezes seguidas eleito o melhor do mundo, Singapura se transformou em rota comum para turistas em trânsito entre a Europa, a Ásia e a Austrália. Assim, ano a ano, o país se esforça para criar cada vez mais elementos que alavanquem o turismo em Singapura e justifiquem estadias cada vez mais longas na pequena cidade.
Em um intervalo de pouquíssimos anos, o turismo em Singapura foi sendo artificialmente construído e, um país tão pequeno, virou parada obrigatória mesmo sendo vizinho de grandes figurões do mercado de viagens no Sudeste Asiático.
A aparência, para quem vê de fora, é de um país rico, com um turismo voltado somente ao mercado de luxo, mas Singapura tem muitas camadas a serem exploradas e pode ser destino a qualquer padrão de viajante.
Sim, é este turismo artificial que funciona como cartão-postal da cidade e o que inicialmente atrai seus visitantes, mas conhecer Singapura pode ir muito além desta aparência superficial e render uma estadia muito rica culturalmente.
De dezembro/2015 a Janeiro/2016 nós passamos duas semanas em Singapura durante um de nossos acordos de house sittings pelo mundo, e a cidade que conhecemos foi muito diferente da que imaginávamos que iríamos encontrar.
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Turismo em Singapura: A cidade real
A partir de sua separação da Malásia, Singapura começou uma política desenvolvimentista, estimulou empresas multi nacionais que ali instalassem suas sedes asiáticas e abriu suas portas a imigrantes do mundo. Isso fez com que a população do país fosse formada por um caldeirão étnico que reúne chineses, malaios, indianos, europeus e gente das mais diferentes origens.
Assim, hoje quando um visitante sai pelas ruas para fazer turismo em Singapura, o que encontra é um pouquinho de cada uma destas culturas, mas sem precisar sair do país. E isso tudo é feito podendo se comunicar em inglês, o idioma oficial do país (junto ao mandarim, malaio e tâmil, provando o país multicultural que é).
Em Singapura você pode encontrar um templo budista (o Buddha Tooth relic Temple) dentro do bairro chinês e ao lado do mais antigo templo hindu da cidade-estado (o Sri Mariamman Temple).
Ou pode visitar o bairro indiano (Little India) e quando dobrar esquina, resolver almoçar no bairro árabe (o Arab Quarter).
E se falarmos de comida não vai ser hoje que esse texto vai terminar. Singapura é dos poucos lugares (junto a partes da Malásia) onde a culinária Peranakan ainda resiste; seus hawker centers são mini cosmos de culinária asiática, da Índia a Taiwan; e se nada disso ainda interessar, basta correr pra um shopping center e você encontra comida ocidental com a mesma facilidade.
Talvez seja justamente a facilidade para tudo que atraia tanto os turistas a Singapura. Com sua organização, seu sistema de transporte supereficiente, shoppings e centros comerciais climatizados aos montes, fazer turismo em Singapura é mais “fácil” e mais “confortável” do que no restante do Sudeste Asiático, com a vantagem de ter um pouquinho de cada coisa em um só lugar.
Singapura é uma introdução ao Sudeste da Ásia, é a forma mais fácil de começar a entender o funcionamento da região, mas sem abrir mão da organização europeia ou do consumismo americano.
Como exemplo do que é viver em Singapura, na véspera de Ano Novo fomos assistir à queima de fogos na Marina Bay e depois de terminada, a organização do transito era tamanha que em 20 minutos estávamos em casa, algo que achávamos impensável pela quantidade de gente que havia no local, e que seria impossível caso estivéssemos em Bangkok ou Hanói.
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É verdade que o excesso de organização e o consumismo em excesso chegam a sufocar, mas tudo pode acabar virando história a ser contada depois:
Certa vez estávamos em uma praça e para ir pra casa precisávamos esperar um ônibus do outro lado de uma avenida movimentada. Toda a extensão das calçadas era gradeada e um sinal indicava “por favor, utilize a passagem subterrânea”. Descemos e, sem perceber, o que parecia uma galeria foi se transformando em um enorme shopping Center! Mais um! Três andares subterrâneos com lojas de marcas famosas, corredores enormes e, como todo shopping do tipo, sem qualquer indicação destacada mostrando a saída. Perdemos um bom tempo (20 minutos, meia hora talvez) tentando descobrir como chegaríamos ao outro lado da rua. Depois da confusão, usamos sempre essa história quando precisamos explicar o que é Singapura a quem nunca esteve lá.
E de certa forma, são justamente estas peculiaridades que diferenciam Singapura do restante do Sudeste Asiático que tornam a visita única. São estes itens que estão criando a identidade de um país ainda em formação.
Para quem procura viajar pela Ásia, mas não gostaria de encarar o trânsito do Vietnã, o caos da Índia, não consegue se imaginar tentando se comunicar em chinês ou lendo o alfabeto tailandês, Singapura é um destino certeiro. Já para aqueles, como nós, que não se incomodam, toda esta organização e facilidade apenas somam ao quão interessante pode ser uma estadia num país tão diferente de seus vizinhos.
Antes de desembarcarmos achávamos que seríamos repelidos pela grandiosidade das atrações e pelo consumismo em excesso. Achávamos que faltaria algo com o que nos identificássemos, mas após duas semanas fazendo turismo em Singapura tudo o que temos são ótimas lembranças de um país fascinante.
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