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Camboja

A moeda do Camboja e o turismo em uma economia dolarizada

moeda do camboja

Se você chegou até este texto apenas para saber qual a moeda do Camboja, seja como curiosidade ou, sei lá, pra fazer seu trabalho de geografia da escola, sua resposta é uma só: a moeda do Camboja é o Riel Cambojano, cujo código internacional é KHR.

Subdividido em 100 sen, cada Riel Cambojano vale, em 2016, aproximadamente 0,00025 dólares americanos. Ou, para comprar 1 USD são necessários 4000 KHR.

Esta é a resposta curta. E não há mais nada que eu possa relatar sobre a moeda do Camboja em termos teóricos. Na prática, porém, a resposta fica bem mais longa e mais interessante que isso:

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O uso do dinheiro na história do Camboja

moeda do camboja

O Riel já circulava como a moeda do Camboja desde a declaração de independência do país da França, em 1953, e isto se seguiu até meados dos anos 70, com a ascensão do Khmer Vermelho ao poder.

Entre tantas medidas extremistas tomadas pelo novo governo liderado por Pol Pot estava a de acabar com qualquer forma de circulação monetária ou transação financeira, que por quatro anos foram proibidas no país rebatizado por eles de Kampuchea Democrático.

Com a saída do Khmer Vermelho do poder o país voltava a se comunicar com o exterior e o Riel, em uma nova versão, circulava uma vez mais como a moeda do Camboja, mas a aceitação pela população já não era a mesma.

Saiba mais: Phnom Penh, a capital do Camboja e o regime do Khmer Vermelho.

Tenha em mente que nos quatro anos de poder o Khmer Vermelho dizimou um quarto da população do país, famílias foram separadas e a estrutura social do Camboja demoraria anos para ser refeita.

Além disso, quem tirou o Khmer Vermelho do governo foram os vietnamitas, que àquela época ainda guerreavam contra os americanos, o que fez com que o Ocidente não reconhecesse o novo governo como legitimo e demorasse décadas para auxiliar na reestruturação do país e na convocação de eleições democráticas.

Nos 15 anos que os cambojanos viveram sob um governo apoiado pelos vietnamitas o Riel já era emitido como a moeda do Camboja novamente, mas também circulavam com boa aceitação o Baht e o Dong dos vizinhos Tailândia e Vietnã e para muitos cambojanos não fazia sentido utilizar o Riel no dia a dia.

Com uma economia fragilizada a este ponto, em 1993, quando as potências do mundo viraram seus olhos para o Camboja e resolveram enviar apoio através da ONU, a enorme quantidade de dólares americanos injetada no país fez com que o Banco Nacional do Camboja perdesse o controle de boa parte da reserva financeira que circulava no país.

E isto, acredite, segue sendo assim até hoje.

Um país, duas moedas

moeda do camboja

Hoje, ao chegar ao Camboja, você verá que todos os preços estarão cotados em dólares americanos. Caso queira sacar dinheiro em um caixa eletrônico, muitos emitirão apenas notas de dólares e alguns poucos darão opção entre o Dólar e o Riel. (E se você escolher o Riel é capaz da máquina ainda perguntar, abismada: você tem certeza?).

Mas apesar de o dólar ser a moeda mais forte e presente na rotina do país, o Riel não saiu de circulação e, como turista, ainda chegarão muitas notas de Riel às suas mãos, mesmo que você tenha a intenção de só usar a moeda americana.

Isto acontece porque no Camboja circulam CÉDULAS, mas não há MOEDAS de dólares. Assim, ainda que você pague uma conta em restaurante com as notas americanas, os centavos do troco virão na moeda do Camboja caso o valor seja quebrado.

Leia sobre: Como planejar sua viagem (e montar seu roteiro) pelo Sudeste Asiático.

Como exemplo: se sua conta deu 8,20 USD e você pagou com uma nota de 10,00 USD, você receberá de troco 1,00 USD e 3200 KHR, com a conversão dos centavos de dólar para a moeda do Camboja sendo feita atualmente a 1 pra 40.

Além de maluca, isto cria para o viajante uma situação completamente inusitada, uma vez que quanto mais você usar seus dólares mais receberá dinheiro cambojano como troco.

Para reverter isso e evitar sair do país no prejuízo, mantenha-se sempre ligado e quando possível, ofereça pagar os centavos de suas despesas diretamente na moeda local, caso contrário você acumulará valores em Riel que não conseguirá trocar em lugar algum.

E se eu não quiser levar dólares e usar apenas a moeda local?

moeda do camboja

É um contracenso, mas, com a exceção de áreas muito afastadas das zonas turísticas, no Camboja a moeda local só é aceita facilmente para pagamentos pequenos, até o equivalente a 1 ou 2 USD.

Ainda assim o dinheiro circula normalmente e, apesar de não termos visto em lugar algum durante nossa visita, existem notas de Riel Cambojano em valores de até 100.000 KHR (25 USD) e nada impediria que você pagasse uma conta utilizando cédulas altas.

Mas isto não seria a atitude mais sensata, uma vez que você não encontrará boas cotações pela moeda nem dentro do próprio país.

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Dando outro exemplo prático: se sua diária no hotel saiu por 25 USD e você pretende fazer o pagamento inteiramente na moeda do Camboja, não espere que façam a conversão normal usando 1 USD para 4000 KHR. Provavelmente cobrarão 4200, 4500 ou até 4800 como taxa de conversão. Com isso, qualquer despesa pode ter um acréscimo súbito de 20% apenas porque você decidiu pagar na moeda mais fraca. Como se te penalizassem por querer pagar uma conta alta usando apenas moedinhas ao invés de notas.

Uma vez no Camboja, não caia nessa e leve seus dólares americanos normalmente, balanceando a carteira se possível sempre que receber troco em moeda local.

Esta economia dolarizada torna o Camboja um dos países mais caros do Sudeste Asiático, mas tentar remar contra a corrente pode ser ainda pior para o seu bolso.

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Sobre o Autor

Carlos Arruda

Carlos Arruda é um viajante desde muito jovem, impulsionado por sua vontade de conhecer locais distantes desde muito cedo, mesmo com recursos limitados. Essa característica o transformou em um habilidoso planejador de viagens.

Com uma visão analítica e uma paixão por decisões baseadas em dados, Carlos acredita que o segredo para uma viagem livre de contratempos está na precisão do planejamento. Seu objetivo é encontrar o equilíbrio perfeito entre a quantidade de dados e informações disponíveis e a emoção de uma experiência especial.

Sua formação em arquitetura e urbanismo confere uma vantagem distinta às narrativas que desenvolve. Atualmente, como escritor dedicado ao mundo das viagens, seus artigos não se limitam à mera observação das estruturas urbanas, destacando os detalhes e explorando as complexidades das diversas culturas ao redor do mundo. Seus textos inspiram e capacitam os leitores a planejar suas próprias jornadas com precisão e confiança.

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