Uma cidade murada com um centro composto por estreitas ruas que abrigam uma enorme catedral medieval. Fundada pelo Império Romano ainda em tempos antes de Cristo, dominada pelos vikings no século IX, um dos centros da Guerra das Rosas no século XV: assim é York, na Inglaterra, historicamente a cidade mais importante do norte do país.
Com tantos eventos históricos ocorridos ali, fica difícil entender porque tão poucos brasileiros, dentre os que visitam Londres anualmente, decidem estender um pouco mais a viagem para explorar também o norte da Inglaterra e o restante do Reino Unido. O acesso à cidade é superfácil e o retorno que se tem ao conhecer York e sua fantástica história é incalculável.
Como chegar a York
O Reino Unido é um país pequeno, e York, no coração do condado de Yorkshire, é destino de diversas linhas férreas que partem de diferentes regiões do país.
Estando a pouco mais de 300 kilômetros de distância tanto de Londres quanto de Edimburgo, chegar a York levará cerca de duas horas em uma agradável viagem de trem cruzando as paisagens do interior da Inglaterra. (PS: Busque as passagens no site da National Rail). E caso sua viagem ainda inclua alguns dias em Liverpool ou Manchester, ampliar um pouco mais o passeio até York passa a ser obrigatório.
York, Inglaterra: o que ver e fazer na cidade
York é a cidade perfeita àqueles que, como nós, são tarados por ver a história viva enquanto exploram os cantos de uma cidade. E assim, a melhor opção para se desbravar toda a cena que York tem a oferecer é justamente caminhando por suas ruas, observando o ir e vir, admirando sua arquitetura e as cores da cidade.
No entanto, o verdadeiro potencial de York não vem logo à tona sem um vasto conhecimento da história da Inglaterra e do Reino Unido, o que pode dificultar um pouco de início ou fascinar ainda mais ao buscar as informações corretas.
1. Walking Tours
Reservamos duas noites apenas em York e com isso teríamos apenas um dia inteiro e uma manhã para explorar a cidade. Tínhamos que aproveitar ao máximo nossa estadia e logo vimos que a melhor opção seria participar de um dos vários “walking tours” que são oferecidos na cidade, o que nos daria alguma orientação de onde ir, o que ver e, especialmente, a base de conhecimento histórico que só um guia local consegue passar.
Recém-chegados e perdidos na cidade, nos atrasamos para o tour das 10:30 e, ao chegar ao centro de informações (de onde partia a caminhada), fomos indicados a participar de outro, que sairia às 11:00, da entrada da Catedral de York: o White Rose York Tour.
O tour, com três horas de duração (incluindo uma pequena pausa pra um café), foi o mais impressionante que já fizemos, com uma riqueza de detalhes históricos contados com uma paixão difícil de ser igualada. A longa caminhada passa por toda a história da cidade e apresenta não só suas principais atrações como vários detalhes que não descobriríamos nunca por conta própria.
2. Catedral de York
Começamos pela Catedral de York, a grande atração da cidade. No local onde se encontra já havia diferentes construções religiosas há pelo menos 600 anos, mas foi no século XIII que foi erguida a versão em estilo gótico atual.
Com a rivalidade entre o Sul e Norte da Inglaterra, York precisava de uma catedral que fizesse frente à de Canterbury. Levaram três séculos em sua construção e o resultado, como se pode ver, mostra-se imponente como desejavam.
3. Ruínas romanas
No primeiro século antes de Cristo, os Romanos já governavam boa parte da Grã-Bretanha. Em York ergueram uma fortificação que era usada como base de governo da Roma Britânica e alguns resquícios deste período ainda podem ser vistos ao redor da cidade hoje:
– As muralhas que cercam a cidade são medievais, mas em determinados trechos a fortificação aproveitou as pedras originais e trechos inteiros da antiga construção romana.
– Nos Jardins do Museu de York, diversos túmulos em pedra agora decoram a paisagem.
– Também nos Jardins, destaca-se a torre multiangular, a maior das estruturas remanescentes das muralhas romanas.
– Próximo à Catedral, uma estátua ao Imperador Constantino, o Grande (o cara homenageado em Constantinopla!) foi erguida em lembrança à sua coroação ocorrida em York.
4. Ruínas da Saint Mary’s Abbey
Também nos Jardins ao redor do Museu de York, além dos resquícios deixados pelos romanos, o grande destaque é a Saint Mary’s Abbey, ou as ruínas que sobraram dela após a dissolução dos monastérios praticada por Henrique VIII no século XVI.
Além das impressionantes marcas no solo dando ideia das dimensões daquela igreja há séculos atrás, um passeio pelos jardins ainda garante que o visitante observe que sobras de pedras da construção que não foram saqueadas, agora servem como uma inusitada demarcação de canteiros ao redor do parque.
5. Muralhas de York
Apenas uma pequena parte das muralhas de York se mantém com a origem romana. Mas desde então houve diversas alterações e reconstruções durante a ocupação normanda da Grã-Bretanha e na Idade Média, o que mantém York como a cidade com a maior extensão de muralhas preservadas da Inglaterra.
Caminhando por cima das muralhas, cruzando todo o Dean’s Park é possível ver a Catedral de York por todos os ângulos e ainda passar por dentro de alguns dos seus portões, mostrando como funcionavam as defesas da cidade, incluindo aquele onde acontece o “Richard III Experience”, uma homenagem ao último rei da Inglaterra da Dinastia de York que, ao contrário do famoso personagem da peça de Shakespeare, é adorado na cidade.
6. The Shambles
Ao descer da muralha, seguimos pelas estreitas ruas de York onde vemos algumas de suas casas mais antigas ainda de pé, passamos pelas esquinas de com a famosa vista da Catedral presente nos cartões postais e passamos pelas casas onde viveu e estudou Guy Fawkes (o cara da máscara do V de Vingança e dos protestos de 2013 no Brasil – o extremista religioso que quis explodir o Parlamento).
Mas o grande destaque é quando chegamos à The Shambles, a antiga rua dos açougues, uma viela extremamente apertada com os diversos sobrados das casas se projetando sobre a rua, o que gera uma cena bem icônica. Não à toa, a The Shambles serviu de inspiração para o Beco Diagonal, de Harry Potter, durante a produção dos filmes.
Dentro da The Shambles ainda há uma parada também em frente ao Santuário de Santa Margaret Clitherow, mártir da época da transição ao protestantismo na Inglaterra.
7. Jorvik Viking Center
Um pouco mais afastado, terminamos o tour falando um pouco da história da invasão viking à cidade (no século IX), estes os responsáveis por nomearem o local “Jorvik”, o que depois foi transformado na pronúncia “York” mais adaptada aos ouvidos ingleses.
Baseado neste período viking surgiu um museu, o Jorvik Viking Center, com artefatos escavados da época, mas que sofreu muito com as inundações ocorridas em York no inverno de 2015/2016 e estava fechado para restauração quando estivemos por lá.
8. Castelo de York
Um pouco além do Viking Center, ainda temos chance de ver o Castelo de York, hoje um museu. É uma fortificação com quinas arredondadas erguida no mesmo local usado de base para a reconquista da cidade pelos ingleses durante a ocupação normanda da Inglaterra. O castelo ainda tem relação com o famoso Ricardo, Coração de Leão, rei bastante retratado em filmes de Hollywood.
9. Cruzeiro no Rio Ouse
Quantos dias ficar em York?
Ao fim de nossa caminhada estávamos exaustos, mas ainda voltamos em diversos pontos da cidade que não tivemos tempo suficiente para fotografar com calma e exploramos em detalhes. O ideal talvez fosse ter um novo dia na cidade, ou vários dependendo de seu interesse em aprofundar o conhecimento sobre cada uma das atrações.
Fomos surpreendidos pela intensidade com que a história pode ser vista pelas ruas de York, mas felizes de termos saído de lá satisfeitos com o que conseguimos presenciar.
Onde ficar hospedado em York?*
Durante nossa visita a York, ficamos hospedados no Safestay York, um hostel bem descolado dentro da parte amuralhada da cidade e próximo à estação de trens. Tanto que pudemos ir caminhando da estação ao hotel carregando nossas malas sem problemas.
O Safestay York é muito surpreendente. Localizado num histórico casarão no estilo georgiano construído no século XVIII, fica próximo de todas as atrações da cidade. Seu interior é superdescolado, com um hall maravilhoso cheio de espelhos, quadros divertidos e paredes rosa choque, escadarias com maravilhosos candelabros, além de um bar e sala de jogos cheio de vida.
Cada cômodo do hostel possui uma plaquinha em sua porta contando fatos que ali ocorreram quando a família da época em que foi construída ali vivia. Episódios luxuosos e alguns trágicos figuram entre os cômodos. Suas opções vão de dormitórios a quartos privados, todos com camas confortáveis e que respeitam a privacidade de cada um (no caso dos dormitórios, cada cama possui cortinas), além de banheiros particulares em cada quarto.
Planeje sua viagem: Veja uma seleção de hotéis e reserve sua estadia em York
*Larissa e Carlos ficaram hospedados em York a convite do Safestay York.
Amei conhecer essas dicas – vidacigana.blog de York England . Grata . E saber que tem Walk tour , boas dicas.
Obrigada, Maria de Fátima, York é muito linda!
Excelente post muito bom conteudo me ajudou demais voltarei mais vezes parabéns para os redatores e eu achei super util a parte sobre como ficar hospedado.
Obrigada pelo comentário, Leonidas!
Reino Unido não é um país.
Países do Reino Unido é o termo usado para descrever Inglaterra, Irlanda do Norte, Escócia e País de Gales, que, juntos, formam o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, que é um Estado soberano.
Rapaz, não vou entrar nas questões históricas que envolvem estas denominações, não.
Essa sua frase aí consta na introdução do artigo na Wikipedia, mas vale ler o resto do texto pra entender a complexidade.
Olá! Suas dicas são excelentes, parabéns pelo blog!
Estou indo pro Reino Unido mês q vem e vou passar dois dias em Manchester. Se desse tempo, gostaria de fazer um bate-e-volta em York. Vc sabe se é tranquilo comprar as passagens de trem na hora, ou fica mais caro?
Não fica mais caro não, Melissa, mas existem sites que vendem tickets de trem com desconto, como o Trainline. Nós mesmos fizemos um bate e volta saindo de Glasgow e indo para Stirling comprando no mesmo dia.
Quanto em média custa o tour? Ou é possível fazer sem um guia?
Obrigada 🙂
O walking tour é gratuito, com gorjetas no final no valor que você quiser, Soyane. Vale muito a pena, de todos os walking tours que já fizemos, esse foi o que mais gostamos. É possível fazer sem guia sim, mas super recomendamos que seja feito com ele, já que o custo é muito baixo.
Eu e meu irmão iremos para o Reino Unido ano que vem e agora ele está na dúvida (muita dúvida) entre York ou Edimburgo! Qual das duas cidades vocês indicariam, ou escolheriam?
Oi Thaís, olha, dúvida cruel essa! Hahaha as duas cidades são fantásticas demais.
York é menor que Edimburgo e dá para conhecê-la fazendo o walking tour que indicamos no texto, que dura um dia.
Edimburgo já é maior e apresenta a cultura escocesa, que é maravilhosa. Uns 2/3 dias na cidade são bons para conhecer de tudo um pouco.
Agora, elas são cidades bem próximas, nós fomos para York depois de Edimburgo. Não daria para vocês visitarem as duas?
Dúvida cruel mesmo rs! Nosso tempo de viagem é curto e iremos também em uma cidade em Devon: Paington, ou seja, totalmente do lado oposto hahaha. Vai ser um desafio (haja preparação física hahah), mas estamos tentando fazer as duas cidades sim!
Nossa, é longe, ein! Boa sorte e torço muito para que vocês consigam ver York e Edimburgo!
Olá Carlos!
Estarei com meu marido e um casal de amigos em York em abril. As suas dicas nos fizeram ficar mais entusiasmados para conhecer essa Cidade.
Abraços
Sandra
Que bom que vão para York, acredito ter sido a cidade que mais gostamos de conhecer na Inglaterra! Aproveitem!
Ótimas e claras informações! E leves. Porque não posso dizer bem humoradas também? 🙂
Obrigada pelo comentário, Zelia, ficamos muito felizes!