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Como caçar a Aurora Austral na Nova Zelândia, passo a passo

aurora austral na nova zelândia

Apesar de menos famosa que a Aurora Boreal, a Aurora Austral ocorre tão intensamente e com a mesma frequência que a prima do Norte, e a Nova Zelândia é um dos lugares mais propícios a observá-la em todo o mundo.

Basta saber como, onde e de que forma procurá-la.

O que é a Aurora Austral e por que nunca ouvi falar nela?

A Aurora é um fenômeno natural gerado por tempestades solares que cria luzes coloridas (verdes, roxas e vermelhas) no céu e tanto a Aurora Boreal quanto a Aurora Austral são comuns de ocorrerem nas latitudes mais altas, mais próximas aos polos da Terra.

A diferença entre uma e outra é que a Aurora Boreal acontece próxima ao Círculo Polar Ártico e a Aurora Austral próxima ao Círculo Polar Antártico.

Logo, a Aurora Austral é simplesmente a Aurora Boreal que acontece no Hemisfério Sul.

aurora austral na nova zelândia
Ben (CC BY-ND 2.0)

Não há diferença de uma para a outra e o que faz a Aurora Boreal ser mais conhecida e mais facilmente visualizada é o fato de existirem muitos países (e cidades e pessoas vivendo, consequentemente) próximos ao Polo Norte – enquanto no Polo de baixo, a maior massa de terra não é habitada, a Antártida.

Caçando a Aurora Austral na Nova Zelândia

Ver a Aurora Austral na Nova Zelândia depende essencialmente de que haja um dia com atividade geomagnética intensa. Esta atividade é classificada numa escala numérica de 0 a 9 – o chamado índice Kp – e quanto mais alto o valor deste, mais ao Norte a Aurora Austral poderá ser vista e mais fácil será seu trabalho.

A imagem abaixo mostra os locais onde a Aurora pode ser vista segundo cada faixa do índice Kp.

aurora austral na nova zelândia

Pense, no entanto que, quando olhamos o horizonte, conseguimos enxergar muitos kilômetros além do ponto em que estamos. Logo, caso você esteja em um local aberto, um dia de atividade Kp=5 poderá ser suficiente para ver a Aurora Austral na Nova Zelândia.

Para aumentar suas chances, quanto mais próximo ao Sul você estiver, melhor. Existem bons pontos de observação da Aurora Austral em Bluff e Invercargill, em Southland; em Queesntown e Wanaka; em Dunedin e toda a Península de Otago; em Twizel, Christchurch e boa parte da Planície de Caterbury. Locais mais ao norte como as regiões de Tasman e Marlborough, na Ilha Sul, e toda a Ilha Norte dependem muito de tempestades de intensidade maiores, que são mais raras, mas acontecem.

Leia mais: O que fazer na região de Southland, uma das mais favoráveis a ocorrência da Aurora Austral na Nova Zelândia.

Uma vez que você esteja em um local propício à observação da Aurora Austral, siga estes passos abaixo para ser bem sucedido em sua caçada:

#1 – Cheque as previsões e alertas de atividade geomagnética

Alguns sites na internet vigiam uma série de aspectos técnicos dos ventos solares que geram a Aurora e divulgam atualizações do índice Kp em tempo real. Algumas boas opções para acompanhar são o Aurora Service e o Soft Serve News.

No Facebook ainda existem grupos cheios de loucos caçadores da Aurora Austral na Nova Zelândia, com o Aurora Australis Current Alerts, e fazer parte deles pode ser de grande ajuda. Sempre que for possível ver ou fotografar um pouco de cor no céu eles soltam alertas por lá avisando a todos que queiram sair a noite e tentar observar o fenômeno.

Uma vez no Sul do país, assim que anoitecer, fique de olho nos alertas e cheque se o índice Kp está elevado.  Caso esteja acima de Kp=5, ou mesmo que esteja abaixo, mas haja relatos de atividade na internet, já pode valer a tentativa.

#2 – Veja se o céu está estrelado.

Nuvens bloqueiam a visão do céu e impedem que a Aurora seja observada propriamente. Ainda que poucas nuvens não representem um impeditivo, uma noite estrelada facilita muito o trabalho de um caçador de Auroras, deixando todo o seu campo de visão aberto para as luzes coloridas.

aurora austral na nova zelândia

E você não vai querer que um céu nublado coloque em risco a observação de um fenômeno único.

#3 – Confira a fase e os horários do nascer e por da Lua

Devido à distância do Polo Sul, as luzes geradas no céu pela Aurora Austral na Nova Zelândia são, na maior parte dos dias, bem suaves e difíceis de serem distinguidas do negro absoluto do céu.

Mas você já reparou que, quando estamos na mais completa escuridão, depois de algum tempo conseguimos enxergar muito mais do que achávamos que seríamos capazes? Nossas pupilas dilatam para que nossos olhos consigam observar diferenças pequenas de iluminação e tonalidade que antes se confundiam no breu.

Neste sentido, a luz da Lua alta no céu pode ser muito prejudicial à visualização do fenômeno, pois ao iluminar a noite, dificulta o trabalho de nossos olhos, e “queima” as luzes da Aurora.

O ideal é que, no horário que esteja ocorrendo a atividade geomagnética intensa, a Lua já tenha se posto ou que ainda não tenha nascido sobre o horizonte. Ou ainda melhor, que esteja em época de Lua Nova, ou nos últimos dias do período Minguante, ou primeiros do Crescente.

Você pode conferir em algum site de meteorologia os horários previstos para o nascimento e por da Lua de acordo com sua localização.

#4 – Procure o ponto de observação ideal

Passados todos os pré-requisitos anteriores, chega a hora de reunir toda a coragem do mundo para sair pela noite, no frio, e esperar o quanto sua vontade de ver a Aurora Austral conseguir tolerar. Mas para facilitar seu trabalho, saiba para onde correr antes de encarar o frio:

Tenha em mente que a Aurora Austral acontece no Sul, sempre. Logo, não vai adiantar você ficar olhando para o céu sem saber para que ponto cardeal sua atenção está voltada. Também será inútil tentar observar a partir de um ponto onde a visão do horizonte no sentido Sul esteja bloqueada por uma montanha, por exemplo.

aurora austral na nova zelândia

Caso você não saiba se orientar sozinho em relação aos pontos cardeais, baixe um aplicativo de bússola ou da carta celeste que te auxilie.

O local perfeito – aquele onde suas chances são maiores – será longe das luzes da cidade (pelos mesmos motivos do item anterior), amplo, com a visão de boa parte do horizonte, ou elevado, sem nenhuma montanha mais alta ao redor e sempre, em absoluto, com a visão sentido Sul livre de qualquer obstrução.

Como fotografar a Aurora Austral

Daí você se organiza, morre de frio na madrugada e consegue ver a Aurora Austral. Mas como compartilha com os amigos este momento para provar que ele existiu?

Você estará no completo breu da madrugada e, sem o equipamento ideal – a não ser que você esteja diante de uma tempestade geomagnética fora do comum, não haverá luz nem para fotografar qualquer coisa que esteja ao seu lado, muito menos o céu.

aurora austral na nova zelândia
Não. Não tem Aurora nesta foto, mas bem que podia, né?

Um material fotográfico mais robusto é fundamental, portanto, e ainda vem com uma vantagem: uma boa câmera, com o tempo de exposição adequado, consegue enxergar muito além do que o olho humano é capaz. Com isso, muitas vezes, mesmo sem ver as cores da Aurora Austral a olho nu, será possível fotografá-la no céu da Nova Zelândia. E aqueles alertas que mencionei lá no primeiro tópico já são segmentados desta forma, avisando se a Aurora é “naked eye” ou “camera only”.

Para fotografar a Aurora Austral (ou a Aurora Boreal) você vai precisar de:

– uma câmera fotográfica DSLR com regulagem manual de exposição

É fundamental possuir o controle manual da câmera para estabelecer um tempo de exposição longo que seja suficiente para captar as luzes. A configuração ideal varia de acordo com a intensidade das luzes, mas você pode começar testando diferentes regulagens do obturador e ISO enquanto mantém o diafragma sempre o mais aberto possível, capturando a maior quantidade de luz que seja capaz

– um tripé

Cada fotografia deixará o sensor por vários segundos exposto à luz, e por isso, um tripé é mais do que necessário para dar estabilidade ao equipamento e não borrar a imagem final.

– uma lente clara e grande angular, de preferência

A lente deve ser clara para que receba o máximo de luz que consiga suportar sem aumentar tanto o tempo de abertura do obturador da câmera. Lembre-se que as luzes da Aurora se movimentam e quanto mais tempo o sensor ficar exposto a elas mais borradas elas aparecerão em suas fotos.

Deve também ser do tipo grande angular, para garantir que boa parte do horizonte visível seja representado na foto. Uma vez que as descargas que geram a aurora ocorrem de forma caótica, um enquadramento mais fechado dependeria do equipamento estar voltado para o ponto exato onde isto iria ocorrer, criando um cansativo jogo de tentativa e erro.

Por ultimo também é importante lembrar que o foco deverá ser feito em modo manual, pois sem qualquer tipo de contraste na escuridão, nenhum sistema automático de focagem conseguirá fazer seu serviço adequadamente (regule para a marcação de infinito ou pouco antes).

– uma tesoura sem ponta

Porque elas sempre são necessárias nestas listas de material, não?

aurora austral na nova zelândia
Curtis Simmons (CC BY-NC 2.0)

Como item opcional eu ainda acrescentaria um cartão de memória de rápido processamento para que a câmera rapidamente fique disponível para a foto seguinte, diminuindo o intervalo entre uma e outra e reduzindo o tempo gasto parado no frio.

No final o processo todo de caçar a Aurora Austral se torna um vicio, mas se esta é a sua praia, vá em frente.

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Sobre o Autor

Carlos Arruda

Carlos Arruda é um viajante desde muito jovem, impulsionado por sua vontade de conhecer locais distantes desde muito cedo, mesmo com recursos limitados. Essa característica o transformou em um habilidoso planejador de viagens.

Com uma visão analítica e uma paixão por decisões baseadas em dados, Carlos acredita que o segredo para uma viagem livre de contratempos está na precisão do planejamento. Seu objetivo é encontrar o equilíbrio perfeito entre a quantidade de dados e informações disponíveis e a emoção de uma experiência especial.

Sua formação em arquitetura e urbanismo confere uma vantagem distinta às narrativas que desenvolve. Atualmente, como escritor dedicado ao mundo das viagens, seus artigos não se limitam à mera observação das estruturas urbanas, destacando os detalhes e explorando as complexidades das diversas culturas ao redor do mundo. Seus textos inspiram e capacitam os leitores a planejar suas próprias jornadas com precisão e confiança.

14 Comentários

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  • Amei o conteúdo, super detalhado, difícil de achar coisa boa assim! Parabéns.

    Eu já fiz uma caçada em busca da aurora boreal e tirei fotos lindas, agora quero muito ver a aurora austral

  • Oi Carlos, tudo bem?!
    Adorei o blog, gratidão pelas dicas incríveis. Te desejo sucesso e luz.
    Quero programar minha viagem para fev/2012 para Nova Zelândia, qual local seria ideal para desfrutar da Aurora Boreal? Na Nova Zelândia é bacana fazer mochilao?

    • Oi Beatriz, olha, é BEM difícil ver a aurora austral na NZ. Não iria contando com isso não, mas caso queira ter alguma chance, saiba que é mais comum no inverno, e quanto mais ao sul, mais fácil de ver.
      Sim, mochilões na NZ são perfeitos e muito simples de fazer! Lugar perfeito e bem equipado

  • Nem sabia que dava pra ver aurora na Nova Zelândia, descobri enquanto pesquisava sobre o país aqui no blog e me empolguei com a possibilidade! Vamos em maio e já nos programamos para estar na ilha sul durante a lua nova. Torcendo muito pra conseguir ver alguma coisa! Obrigada pelas valiosíssimas dicas!

  • Gostaria de ver uma, estou morando na Nova Zelândia bem no meio da ilha sul, se alguem poder me avisar o melhor mês do ano pra eu me preparar ficarei muito grato.

    • Fique de olho nos sites que recomendamos no texto, Paulo. São a melhor fonte de informação para saber onde e quando será possível ver a Aurora Austral na Nova Zelândia.

    • Boa Sorte, Oscar!
      Mas nós mesmos vimos bem suave, a câmera que ressalta as cores. A frustração de não ter visto aquela de 17/18 de março nunca vai ser superada. 🙁

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