No extremo norte da Ilha Norte, Cape Reinga é o “Oiapoque” neozelandês, onde a State Highway 1, que cruza o país de Norte a Sul, termina sem ter mais como prosseguir, onde o Mar da Tasmânia encontra o Oceano Pacífico e onde, após mortos, os espíritos do povo maori se reúnem para partir a um outro mundo.
Como qualquer destino que tenha essa aura de “fim de mundo”, o Cape Reinga é um local que reúne diversos viajantes e aventureiros que desejam colocar em seus currículos sua passagem por ali. E sendo o acesso até ele relativamente rápido de ser atingido a partir de Auckland, é um “fim do mundo”, ao contrário de outros pontos do planeta, bem fácil e tranqüilo de ser visitado.
Ninguém se importa muito, mas toda essa fama de “ponto mais ao norte” não é algo geograficamente tão correto de se dizer, já que a 30km de distância e um pouco mais ao norte que seu vizinho famoso se encontra o Surville Cliffs, o, de fato, ponto mais setentrional da Ilha Norte. Mas como é um local completamente inacessível e uma pequena mentirinha geográfica não faz mal a ninguém, deixemos a fama com o Cape Reinga.
O nome verdadeiro do local é Cape Reinga/Te Rerenga Wairua, que em maori significa O Submundo/O lugar de onde os espíritos saltam. Tem essa denominação por se tratar do ponto para onde a cultura maori acredita que seus espíritos vão após a morte, retornando a Hawaiki, sua terra de origem. De acordo com o mito, suas almas vão até a Pohutukawa (uma árvore muito antiga e sagrada) de 800 anos e através de suas raízes, penetram no submundo. A área é tão sagrada a eles que, em respeito, é proibido comer em toda a localidade e no entorno, sendo a última cidade com lanchonetes e restaurantes a 100km de distância. É importante respeitar as regras e se deixar embarcar em toda sua história.
Além de toda a cultura presente no local, a beleza natural e as paisagens ajudam a atrair diversos turistas. E é lindo mesmo poder ver o contraste do Oceano Pacífico encontrando o violento Mar da Tasmânia. Em dias turbulentos, é possível ver altas ondas.
Os que viajam motorizados (sempre a melhor opção na Nova Zelândia) devem sair de Auckland rumo ao norte, seguindo a SH1 sentido Whangarei. Desvie e pare por um tempo para conhecer a fantástica região de Bay of Islands ou siga direto até Kaitaia/Ahipara, antes de entrar na Península de Aupouri. Dali serão 2h, em uma estrada asfaltada somente em 2010, até o destino final. Do estacionamento até o farol ainda é preciso caminhar 1km por uma trilha onde, do alto, é possível ver a praia abaixo com a árvore sagrada.
Aos que não tenham um veículo próprio ou alugado, a opção é entrar em alguns dos tours organizados a partir de Bay of Islands. Fixar sua base em Paihia talvez seja onde te dê melhores alternativas. Mas como cansamos de afirmar, uma viagem pela Nova Zelândia é muito melhor aproveitada quando feita de carro.
O passeio em Cape Reinga é bastante místico, cercado de mitos e com uma áurea sobrenatural. É uma ótima opção para quem ficar em Auckland por um tempo maior e destino obrigatório aos que se aventuram por Northland e Bay of Islands.
… bom, já que é obrigatório.
Vou Amanhã.
Valeu e Parabéns pelo Blog.
Hahah Jaime. Cape Reinga é sensacional mesmo. Aproveite!