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Vietnã

A Cidade de Ho Chi Minh, a Saigon, antiga capital do Vietnã do Sul

Homem moreno de barba, vestindo uma blusa branca e carregando uma mochila, posa na frente de um helicóptero americano capturado pelos vietnamitas durante a Guerra do Vietnã. Essa foto foi tirada na Cidade de Ho Chi Minh, antiga Saigon, capital do Vietnã do Sul na época. O helicóptero faz parte da coleção de antigos equipamentos de guerra do War Remnants Museum.

A Cidade de Ho Chi Minh, a antiga Saigon, é a maior e mais populosa do Vietnã. Rebatizada em homenagem ao antigo presidente do país, que faleceu no decorrer da guerra contra os americanos, a cidade de Ho Chi Minh é hoje o grande centro financeiro e econômico do Vietnã unificado.

Hoje, visitar a Cidade de Ho Chi Minh é mergulhar nos grandes contrastes que existem no Vietnã, na herança do período colonial francês e nos reflexos ainda bem evidentes da divisão entre Sul e Norte que existiu por duas décadas, até 1975.

Quantos dias ficar na Cidade de Ho Chi Minh?

Dois manequins representando o exército vietcongue durante a Guerra do Vietnã. Esses manequins estão no meio da selva em Cuchi, próximo a Cidade de Ho Chi Minh, no Vietnã. Estão debaixo de uma estrutura de madeira e palha e vestido a carater, com roupas camufladas e chinelos feitos de roda de caminhão.

Quando planejávamos nossa viagem, ouvíamos que Ho Chi Minh era maior e ainda mais caótica que Hanói, a capital do Vietnã. Por estes relatos achávamos que a cidade serviria apenas como passagem rápida, antes de seguirmos viagem pelo Camboja.

Mas o que veio a seguir nos surpreendeu totalmente. Ao contrário dos relatos que líamos, Ho Chi Minh é moderna, pulsante, mais limpa e tranquila que Hanói. Ao caminhar por suas ruas, nos apaixonamos profundamente pela cidade, pensando em um dia até mesmo ir para morar por um tempo. Nunca fomos tão surpreendidos por um local do que por Ho Chi Minh.

No final das contas, reservamos apenas três dias de estadia e ficamos arrependidos por termos limitado tanto nossa passagem pela cidade. Para viajantes com tempo, planeje um intermédio entre 5 a 7 dias, a cidade vale!

Faça seu planejamento: 3 formas de conseguir o visto para o Vietnã.

A história da Cidade de Ho Chi Minh

Boneco representando um prisioneiro de guerra vietnamita na Cidade de Ho Chi Minh, no Vietnã. Essa imagem pode ser vista no War Remnants Museum. Nas paredes em volta vemos várias frases em vietnamita. e chinês

Para entender a Cidade de Ho Chi Minh, seus pontos turísticos e atrações no entorno, vamos apresentar aqui:

Bem vindo à Cochinchina

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Antigamente se dizia “nem aqui nem na Cochinchina” como força de expressão para falar que algo não aconteceria nunca. Quando eu era menor e ouvia a frase, imaginava que a Cochinchina era um lugar inventado para reforçar a impossibilidade do que se desejava.

Mal sabia eu que a Cochinchina existe (ou existiu formalmente por um tempo) e que anos depois eu aqui estaria relatando meus dias visitando um lugar tão interessante para que outros também possam conhecê-la.

A Cochinchina era uma região da Indochina francesa nos tempos coloniais. Era uma divisão anterior à repartição do país entre Vietnã do Sul e Norte durante a guerra. A capital desta região era Saigon, hoje Ho Chi Minh, que cresceu, como todo o restante do Vietnã e países vizinhos, sob enorme influência francesa, especialmente na arquitetura e culinária.

Saigon, a capital do Vietnã do Sul

Placa escrita "Stop the Vietnam War", que significa "Pare a Guerra do Vietnã"

Nos anos 40, liderados por Ho Chi Minh, o futuro presidente, os vietnamitas declararam sua independência contra a ocupação francesa.

Na década seguinte, com os franceses expulsos em definitivo e a independência reconhecida, o país foi dividido em dois. O Norte seria comandado pelo Viet Minh, o grupo revolucionário, e o Vietnã do Sul foi entregue ao antigo imperador do tempo colonial, que vivia em Paris e de lá indicava o primeiro ministro. Politicamente os dois países eram rivais, com o Vietnã do Sul recebendo forte apoio dos Estados Unidos.

Saigon, como era conhecida, tornou-se a capital do recém-criado Vietnã do Sul. A cidade era a grande fortaleza que mantinha a divisão do país vigente durante a guerra contra os americanos.

A “Queda de Saigon” ou a “Libertação de Saigon”, em 1975, com a entrada de um tanque vietnamita nos portões do palácio da cidade serviu de ícone para o fim da guerra e símbolo da expulsão dos americanos.

O que fazer na Cidade de Ho Chi Minh

Mulher vietnamita usando óculos fazendo trabalhos artísticos próximo a Cidade de Ho Chi Minh, no Vietnã

Com a reunificação comandada pelo Norte, agruparam Saigon a outros distritos e pequenas cidades próximas numa nova organização urbana, denominando-a Cidade de Ho Chi Minh, como a conhecemos.

Ho Chi Minh é uma cidade moderna e cosmopolita, cheia de grandes cadeias de hotéis para ficar bem hospedado. Conta com restaurantes sofisticados e é repleta de atrações turísticas que remetem à herança colonial francesa e, especialmente, à guerra que assolou o país.

O palácio da reunificação

Na foto vemos o Palácio da Reunificação, prédio histórico importante que fica na Cidade de Ho Chi Minh. Foi nesse prédio que a Guerra do Vietnã acabou. O Palácio tem formato retangular, no estilo arquitetônico moderno, com uma bandeira do Vietnã no topo. A foto foi tirada durante a noite, com o céu limpo e azulado. O prédio está iluminado com uma cor amarela.

No centro de Saigon, à época da guerra foi construído um enorme edifício para servir como o palácio de governo do Vietnã do Sul.

Em 1975 a guerra era encerrada quando os primeiros tanques vietnamitas entraram na cidade e romperam os portões deste palácio. De lá pra cá o edifício foi mantido do jeito que estava quando o Vietnã do Sul se rendeu. Hoje o prédio funciona como uma máquina do tempo, mostrando como era a vida no Vietnã nas décadas de 1960 e 1970.

Quando estivemos na Cidade de Ho Chi Minh não conseguimos entrar no palácio pelo nosso curto tempo de viagem. Mas ainda assim fizemos questão de ir até lá. Queríamos presenciar o local onde foi feita a icônica foto do fim da guerra.

Veja como a guerra afetou outros países: Vientiane: 9 atrações imperdíveis na capital do Laos

O museu com as sobras da guerra – o War Remnants Museum

Mulher ruiva com cabelo curto, vestindo uma blusa branca com detalhes rosas, short jeans curto e botas de caminhada, está apoiada em um caça americano, um avião capturando pelos vietnamitas durante a Guerra do Vietnã.

Bem perto do palácio há outro museu, talvez o que melhor mostre os horrores da guerra em todo o Vietnã, o War Remnants Museum. Em três andares, ele mostra o que foi a guerra contra os americanos pelo olhar das vítimas, o povo vietnamita.

Homem moreno de costas carregando uma mochila observa um mural com várias fotos em preto e branco da Guerra do Vietnã, exibidas no War Remnants Museum, na Cidade de Ho Chi Minh, no Vietnã
Máscaras de gás pretas com a área dos olhos amarelas, ainda com etiquetas sem nunca terem sido usadas. Essas máscaras foram capturadas dos americanos pelos vietnamitas durante a Guerra do Vietnã. Essas máscaras estão expostas no War Remnants Museum, na Cidade de Ho Chi Minh, no Vietnã.

Logo na entrada, diversos veículos de guerra americanos capturados estão expostos no jardim. Helicópteros, pequenos aviões, caças e tanques dão uma ideia do que foram aqueles anos.

Pátio do War Remnants Museum, na Cidade do Ho Chi Minh no Vietnã. Na foto, vários caças e helicópteros americanos capturados durante a Guerra do Vietnã.

Dentro do museu, filmes e fotografias expõem cruamente o que a população sofreu. Há sessões de imagens gráficas (com direito a fetos humanos reais preservados) dedicadas às deformidades causadas, na população e na geração seguinte, pelo uso do agente laranja.

Uma bomba de napalm (ou agente laranja) exposto no War Remnants Museum, um museu sobre a Guerra do Vietnã, na Cidade de Ho Chi Minh.
Napalm (ou agente laranja)
Doi fetos bem preservados expostos no War Remnants Museum, na Cidade de Ho Chi Minh, no Vietnã. Esses fetos são deformados devido a exposição ao agente laranja, presente na bomba de napalm.

Parte das imagens já é conhecida por nós, por terem sido amplamente divulgadas. Mas o fato de vê-las ali, rodeadas por alunos de escolas locais aprendendo sobre o passado do país em que nasceram é extremamente impactante e deve causar uma vergonha imensa a qualquer americano. É uma visita obrigatória que pode tomar o dia todo de quem se interessa pelo assunto.

A arquitetura francesa da antiga Saigon

Na parte mais moderna do centro da cidade, conhecida como Dong Koi, próximo às margens do rio Saigon, estão concentradas, em meio aos altos edifícios comerciais, as edificações históricas do período colonial francês, erguidas no final do século XIX, que resistiram ao tempo.

A catedral de Notre Dame

Catedral de Notre Dame, na Cidade de Ho Chi Minh, no Vietnã. A igreja é de estilo neo-romântico, com duas torres em sua fachada, cujas pontas são pontiagudas. Possui uma rosetta em seu meio. A igreja está parcialmente iluminada com uma luz amarelada e o céu está escuro. A foto foi tirada de baixo pra cima e de noite.

Com a cidade tendo sida regida pelos franceses, não é a toa encontrar uma catedral de Notre Dame em Ho Chi Minh. Na Saigon colonial do século XIX os franceses ergueram uma igreja em estilo neo-românico, como se tivesse saído diretamente da França para o Sudeste Asiático.

Hoje chega a ser estranho ver uma igreja de tijolinhos na confusão do Vietnã, um país que tem muito poucos templos religiosos, se comparado a seus vizinhos mais próximos.

O edifício central dos Correios

Prédio dos correios da Cidade de Ho Chi Minh, no Vietnã, projetado por Auguste Eiffel. Na foto podemos ver o interior do prédio, com paredes brancas repletas de aros de ferro verdes e amarelos. É um prédio imponente e bonito.

Próximo à catedral, outro edifício deixa bem clara a herança francesa da cidade. Mas para não passar despercebido é necessário conhecer um detalhe fundamental em sua construção:

O edifício central dos correios da Cidade de Ho Chi Minh foi projetado por Gustave Eiffel, o mesmo que elaborou uma famosa torre lá em Paris.

Foto de uma das paredes do prédio dos correios da Cidade de Ho Chi Minh, no Vietnã, projetado por Auguste Eiffel. Na parede vemos um arco adornado em dourado e um mapa de Saigon em seu meio.

No interior do prédio é possível ver claramente o estilo do autor, com a estrutura toda feita em ferro. Nas paredes, enormes mapas históricos de Saigon e do Vietnã do Sul marcam a época anterior à guerra na cidade.

A Ópera de Saigon

A ópera de Saigon, famoso prédio vietnamita construído durante a ocupação francesa no Vietnã. A ópera foi projetada no estilo francês, lembrando bastante a ópera de Paris. A ópera de Saigon fica na Cidade de Ho Chi Minh. Na foto vemos a ópera de baixo para cima, com seu arco frontal e várias pessoas esperando para entrar. A foto foi tirada de noite.

Mais adiante, na Ópera de Saigon não são permitidas visitas, a não ser a quem tenha ingresso para os espetáculos. Mas mesmo por fora, a imponência da edificação mostra o que seria o luxo da elite francesa que vivia na Saigon colonial.

O que fazer nos arredores da Cidade de Ho Chi Minh

Homem moreno de barba dentro de um túnel na região de Cuchi, próximo da Cidade de Ho Chi Minh, no Vietnã. O túnel é escuro e um pouco amplo.
O interior de um túnel em Cuchi

Saigon era a grande base do Vietnã do Sul na luta contra o norte durante a guerra. Por conta disso, na Cidade de Ho Chi Minh, e principalmente nos seus arredores, se encontram muito mais referências ao conflito do que no norte do país.

As icônicas imagens que cansamos de ver nos filmes que retratam a época saíram todas desta região. Hoje são um prato cheio para nós, turistas.

Os túneis de Cuchi

Homem moreno de barba entrando em um túnel subterrânio na região de Cuchi, próximo a Cidade de Ho Chi Minh, no Vietnã. O homem está parado nos degraus do túnel, que é bem pequeno e apertado. O túnel está coberto por uma estrutura de madeira e palha. Essa região foi uma das mais ativas durante a Guerra do Vientã.

A região de Cuchi, no caminho entre a Cidade de Ho Chi Minh e a fronteira do Vietnã com o Camboja, ficou famosa após a guerra por conta dos métodos de batalha usados pelos vietcongues ali.

Com uma ampla rede de túneis subterrâneos que se estendia até Saigon, o exército vietnamita conseguia controlar toda a região mesmo sem muitos recursos.

Em Cuchi estão alguns trechos da rede de túneis, os de mais fácil visitação pelos turistas. Para lá saem tours diários desde Ho Chi Minh, com meio dia de duração.

Além da sensação de entrar nos túneis camuflados sob a terra (numa versão alargada do que era na realidade), os guias exibem as armadilhas e arapucas elaboradas pelos vietnamitas para serem colocadas na floresta, explicam como era a vida de quem vivia dentro dos túneis, sem acesso ao sol, sem poder beber água de chuva (contaminada por napalm) numa realidade muita dura dos anos de guerra.

Homem vietnamita segurando a tampa de uma entrada dos túneis de Cuchi, área próxima da Cidade de Ho Chi Minh, no Vietnã. O chão está coberto de folhas para facilitar na camuflagem.
Mulher ruiva de cabelos curtos e usando óculos escuros sentada em cima de um tanque de guerra americano capturado pelos vietnamitas durante a Guerra do Vietnã. O tanque está no meio da selva e coberto por um toldo.

Durante todo o passeio são ouvidos barulhos de disparos automáticos criando um ambiente de guerra surreal ao se caminhar pela floresta.

Os sons das armas veem da “atração” final do passeio. Para quem quiser, é dada a chance de disparar armas de fogo, com o valor sendo cobrado por bala disparada. Acho a atitude um tanto bizarra e é muito estranho ver como os americanos são os que mais se entusiasmam com a oportunidade.

O delta do Mekong

Duas mulheres vietnamitas segurando remos, em cima de barcos típicos. Essas usam o chapéu tradicional do Vietnã, em formato triangular. Elas estão em rios do Delta do Mekong, no Sul do Vietnã.

Indo rumo ao litoral, de Ho Chi Minh é possível ingressar em tours de um ou mais dias que circulam pela região do delta do rio Mekong. É uma parte rural do país, mas que também tem muitas ligações com a guerra. Seus estreitos canais foram explorados amplamente nas batalhas e nos filmes que retratam o período.

Para saber mais: escrevemos um artigo completo sobre o Delta do Mekong dando dicas sobre a região.

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Sobre o Autor

Carlos Arruda

Carlos Arruda é um viajante desde muito jovem, impulsionado por sua vontade de conhecer locais distantes desde muito cedo, mesmo com recursos limitados. Essa característica o transformou em um habilidoso planejador de viagens.

Com uma visão analítica e uma paixão por decisões baseadas em dados, Carlos acredita que o segredo para uma viagem livre de contratempos está na precisão do planejamento. Seu objetivo é encontrar o equilíbrio perfeito entre a quantidade de dados e informações disponíveis e a emoção de uma experiência especial.

Sua formação em arquitetura e urbanismo confere uma vantagem distinta às narrativas que desenvolve. Atualmente, como escritor dedicado ao mundo das viagens, seus artigos não se limitam à mera observação das estruturas urbanas, destacando os detalhes e explorando as complexidades das diversas culturas ao redor do mundo. Seus textos inspiram e capacitam os leitores a planejar suas próprias jornadas com precisão e confiança.

12 Comentários

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  • Muito bacana a viagem! Quero muito conhecer o Vietnã.

    Um detalhe da bomba Napalm é uma bomba incendiária, que não apaga. O agente laranja é uma névoa que os EUA lançavam como desfolhante.

  • Olá

    Estou planejando passar pelo Vietna, após Laos e Cambodia. Quantos dias ficar Hanoi? Ho chi min até Hanoi eh barato o voo? vcs sabem?

    No caso de Ha Long Bay, tem como ir e ficar de um dia pro outro la?

    Obrigado!

  • Os americanos decidiram sair da guerra por influência do seu próprio povo que estava fazendo imuneros protestos pelos EUA, pois o número de jovens mortos era imenso. Dizer que os americanos foram expulsos é típico de tupiniquim inepto que se deslumbra com uma viagem.
    Mais de 2 milhões de vietcong’s morreram nesta guerra.

    • E defender americano a torto e a direita é bem coisa de quem tem complexo de vira lata.

      Os americanos lutaram em desvantagem em uma guerra num local super quente, úmido, e que de nada adiantou todo o poder bélico. É só vc visitar e ler que vc vai entender.

  • Eu também estive no Vietnam, em 2012. Fiz uma viagem à Tailandia, Cambodja, Vietnam e Laos, em trem, onibus e avião e amei. Conheci Saigon, Cuchi, Hue e outras vizinhas do Paralelo 17, lugar onde o país estava dividido em Vietnam do Norte e Vietnam do Sul (época da guerra). Depois fui até Hanoi e de lá, também por terra estive em muitas cidadezinhas e assim conheci mais do país. Atravessei a fronteira com o Laos e essa foi outra parte da minha aventura.

  • Bom saber que conchinchina não era um local inventado! Hahah legal a história. Já ouvi falar que o Vietna é um lugar muito diferente e deve ser conhecido, o post de vcs me deixou com mais vontade de conhecer. Parabéns!

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