Acordar às 5h da manhã para atravessar três vulcões ativos a pé (um deles sendo o Mount Doom, de O Senhor dos Anéis) durante as próximas oito horas e meia. Essa é uma das atrações mais desejadas pelos viajantes mais calejados e até mesmo para novatos. Sem dúvida alguma, é um dos momentos mais grandiosos e inesquecíveis das passagens pela Nova Zelândia.
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O parque
O Tongariro Alpine Crossing é reconhecido como uma das melhores trilhas de um dia do mundo. Fica dentro do mais antigo parque nacional da Nova Zelândia (estabelecido em 1887) e quarto do mundo. Também está incluído no rol de patrimônios mundiais da Unesco, devido a sua importância para comunidades Maori. Seus três vulcões (Tongariro, Ngauruhoe e Ruapehu) são tidos como sagrados pelos nativos.
Como se preparar para a caminhada
O Tongariro Alpine Crossing, por mais popular que seja, requer certo “treinamento” e “equipamento” antes de resolver se aventurar. Ter preparo físico para ficar horas caminhando por locais ermos, íngremes e cheios de rochas, sem um almoço propriamente dito e sem usar o banheiro por um bom tempo é muito importante caso não se queira ser resgatado (e pagar) por um helicóptero. Tente fazer caminhadas leves meses antes para se acostumar.
Várias camadas de roupas, principalmente no tórax e abdômen, para esquentar durante o frio e ventos fortíssimos, capas de chuva, além de botas para trekking são essenciais. No hostel em que ficamos, caso não tivéssemos esse vestuário, éramos proibidos de ir, pelo menos com eles.
Levar sanduíches para comer no caminho e pelo menos dois litros d’água, além de sacos para guardar seu lixo. Observar a previsão do tempo para o dia da caminhada também é de extrema importância na hora de escolher o dia ideal para fazer o trekking.
Começando a trilha
A principal entrada para o começo da trilha é pela vila de Whakapapa. Fechamos um transfer para o primeiro horário, antes ainda do sol nascer, evitando assim o fluxo de pessoas no caminho e o sol em pico. Cobram 35NZD para nos levar (e buscar) e às 6h já estávamos no início da trilha com o resto do grupo, sendo os primeiros a entrar no parque.
O início foi bem fácil e nebuloso. O dia ainda não estava claro, mas o caminho era delimitado por pontes e escadas. Uma paisagem bastante estéril, como a superfície da Lua. O pouco de vegetação encontrada era rasteira e sem cor. Ainda não era possível ver as montanhas ao redor devido à grande massa de neblina, mas a previsão do tempo era de sol. Banheiros são encontrados nesse começo, num ponto chamado Soda Springs, onde se pode ver uma cachoeira ao longe.
Depois de umas horas, o tempo abre e nos encontramos em meio a uma cratera gigantesca, com o Ngauruhoe (o Mount Doom) coroando o local com seu cone nevado.
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Após cruzarmos a cratera, a parte mais difícil da caminhada se inicia. Começa a subir pela encosta da Cratera Vermelha, onde o vento é insuportável. É preciso se agarrar a corrimãos de ferro para não ser abalado pelas rajadas. É uma subida realmente muito cruel, mas quando se chega ao topo, é gratificante. Encontramos-nos entre duas crateras muito grandes e o Ngauruhoe está lá, pertinho. Neste ponto há uma bifurcação onde pode se decidir por tomar uns desvios para escalar o Tongariro (2h a mais) ou o Ngauruhoe (3h a mais) ou continuar o trajeto.
Meio do caminho
O terreno se torna bem árido, com rochas negras em todo o entorno. Ali podemos ver o porquê de terem escolhido aquele local como Mordor na trilogia O Senhor dos Anéis.
A descida mais difícil e mais bonita se segue. Uma duna, nas costas da Cratera Vermelha é o único caminho a se seguir, onde o mais seguro é descer de lado, pois tanto à esquerda quanto à direita só se vê abismos. Enquanto descemos avistamos os Emerald Lakes (em português Lagos de Esmeralda), lagos de um verde absurdamente profundo devido à atividade vulcânica no entorno. É talvez o melhor lugar para almoçar, mesmo cheirando a enxofre.
O fim
Depois dali subimos, descemos, passamos por pistas nevadas, vemos lagos imensos lá ao longe, a vegetação começa a ficar colorida, e podemos ver a trilha em zigue-zague pelas colinas, até nos adentrarmos na etapa final da caminhada, uma floresta fechada e úmida. Vários avisos de “zona vulcânica, não pare” são encontrados nesse final, até que chegamos ao nosso destino, onde o shuttle do hostel nos espera depois de 8h30 de caminhada. O Tongariro Alpine Crossing é extremamente cansativo, mas inesquecível.
Olá!
Tem alguma trilha mais facil / direta para os Emerald Lakes?
Muito obrigada!
Oi Tania, infelizmente não, só caminhando mesmo…
Olá, esse parque não se paga entrada para percorrer esse trekking ?
A trilha é gratuita. Você paga se precisar de transfer para a entrada e saída (o que recomendamos) ou se quiser fazer a trilha em mais de uma dia, precisando reservar uma vaga nos abrigos do parque.
Ah…. Muito obrigado pelo retorno Carlos ! Meu sonho conhecer esse lugar ! Abço
Olá, muito legal o post!
Gostaria de saber em que época do ano vocês fizeram a travessia. Estou indo com o meu namorado no final de setembro e vamos ficar 12 dias pela Ilha Norte.
Obrigada pela ateção.
Marcela
Oi Marcela, nós fizemos a travessia no começo de novembro. Fique de olho na previsão do tempo dia a dia, foi isso que nós fizemos e demos sorte!
Abraços
Gostei muito das informações e das fotos. Estaremos em janeiro na Nova Zelândia e pensamos em conhecer, tenho duas perguntas: Temos uma criança de 7 anos e ela anda muito nas viagens que fazemos, será que ela pode fazer (vi um vídeo do Globo Repórter e tinha crianças de 6 anos fazendo) e a segunda pergunta, será que janeiro é um bom mês para fazer a caminhada?
Atenciosamente,
Julian.
Oi Julian, acreditamos sim que uma criança da idade da sua possa fazer o trajeto sim. Só em um momento tivemos dificuldades devido ao vento. Fazendo mais devagar e dependendo do preparo da sua criança, acho que dá sim. Na Nova Zelândia as crianças fazem muitas trilhas.
Em janeiro é um bom momento sim, lá estará no verão como aqui. Nós fizemos em novembro e ficamos de olho na previsão do tempo uma semana antes para escolhermos o dia ideal.
Bacana! Morro de vontade de fazer a Tongariro Alpine Crossing!
Em qual hostel vcs ficaram?
Foram com guia?
Nós ficamos no Discovery Lodge, na estrada próximo a entrada do parque, em Whakapapa. Eles (e muitos outros) têm um shuttle que te deixa de manhã na entrada e busca do outro lado, na saída, de hora em hora. Fizemos sem guia e não vimos ninguém que precisasse de acompanhamento não. Fique tranquila que a trilha é muito bem sinalizada e vai te economizar uns trocados fazendo por conta própria.
Legal!! Obragada pelas dicas!!