A Nova Zelândia é um país bastante novo e ainda com áreas bastante inabitadas, mas sua indústria do turismo tem crescido gradualmente com os anos, fazendo com que algumas regiões do país, antes desconhecidas, passassem a ser exploradas pelos visitantes.
A West Coast, na Ilha Sul do país, é um desses casos. No século passado a região era muito populosa devido à corrida do ouro, que levava hordas de migrantes para a região. Mas tem sofrido com o esvaziamento na mesma proporção que as reservas de minério têm se esgotado. Hoje boa parte de suas localidades estão esquecidas e completamente fora da rota turística tradicional, mas guardam histórias riquíssimas da época de seu auge.
O segredo mais bem guardado da Nova Zelândia
Grande parte da West Coast vive esquecida à sombra do seu passado minerador. A região foi grande produtora de ouro e segue extraindo carvão em algumas poucas minas ainda em atividade. Por todo lugar que se passa é possível ver antigos trilhos de trem e inúmeras minas abandonadas e outras poucas ainda em funcionamento.
É bastante triste conhecer toda a história e o potencial que a West Coast apresentava, tudo que ali aconteceu e que hoje não existe mais. Atualmente é uma região bela e rústica, com quilômetros e mais quilômetros de povoados com algumas centenas de habitantes, que caminham rapidamente para a extinção.
Devido a seu isolamento e difícil acesso, a região segue guardada como um segredo, dos poucos que a Nova Zelândia ainda não revelou ao restante do mundo, mas que faz valer a visita para qualquer turista por toda sua história, seus pores do sol magníficos, praias revoltas, animais selvagens e atrações naturais de tirar o fôlego.
Como ficamos hospedados por house sitting na região, pudemos explorar bastante tudo o que a West Coast tem a oferecer, mas passa batido pela maior parte dos turistas.
Leia mais: Conheça nosso Guia de House Sitting e aprenda a viajar o mundo sem pagar hospedagem.
Hokitika
Hokitika foi fundada durante a corrida do ouro da West Coast e logo se tornou uma das cidades mais populosas do país. Hoje é uma das mais visitadas da região, devido ao seu aspecto amigável, com um centro urbano movimentado e ao Hokitika Gorge, localizado em sua zona rural.
Hokitika Gorge
Localizado na zona rural de Hokitika, chamada Kowhitirangi, o Hokitika Gorge é uma garganta por onde passa um rio de um azul profundo e leitoso, proveniente da mistura das águas vindas do derretimento de geleiras em sua cabeceira ao pó de pedra de seu leito. O passeio por lá é muito agradável, enchendo os olhos de qualquer um ao avistar aquelas águas de cor tão inacreditável.
Greymouth
Greymouth possui esse nome devido ao Rio Grey, que banha a cidade. Igualmente cinzenta e constantemente nublada, a cidade em si não proporciona muitas atividades, sendo suficiente uma caminhada pelo seu centro, uma visita à antiga estação de trem e ao muro de contenção que protege a cidade de inundações antes frequentes. É hoje a maior cidade da West Coast e de onde sai/chega o TranzAlpine, o trem que cruza os Alpes da Ilha Sul – talvez o verdadeiro motivo que leve qualquer turista até lá.
Leia mais: Veja como foi nossa experiência viajando no TranzAlpine.
Punakaiki
É um vilarejo nos limites do Paparoa National Park, bastante popular aos que viajam pela West Coast por ali estarem localizadas as Pancake Rocks, uma das maiores atrações da região. Entre Punakaiki e Westport corre o pedaço mais bonito da Great Coast Road, uma das estradas mais bonitas do país.
Pancake Rocks
São magníficas rochas de calcário situadas em Punakaiki, formadas há 30 milhões de anos. Com a alta pressão da água nessa localidade, fósseis de animais e plantas que se encontravam no leito do mar formaram durante os milênios rochas com o formato de panquecas gigantes, daí o nome.
É um local muito visitado pelos turistas e de fácil acesso – uma volta completa no parque dura 20 minutos de caminhada. Com a maré cheia e em dias que o mar esteja violento, é possível ver a força das ondas passando por entre os inúmeros buracos existentes nas rochas, os “blow holes”, e formando chafarizes naturais.
Great Coast Road
Eleita pela Lonely Planet como uma das dez estradas costeiras mais bonitas do mundo, a Great Coast Road passa beirando o Mar da Tasmânia, por uma sequência de abismos, sendo possível ver ao alto toda a extensão das praias, com inúmeras rochas negras na superfície.
Westport
É uma cidade menor que Greymouth, mas muito mais agradável. Possui alguns prédios no estilo art decó, cinemas e um museu bem interessante sobre as minas de carvão da região. No lado oeste da cidade encontra-se o Cape Foulwind, uma das maiores atrações da área.
Cape Foulwind
É um cabo voltado para o Mar da Tasmânia, muito famoso pela sua colônia de focas em Tauranga Bay, onde é possível observá-las tomando sol e até em fase de reprodução. Nesta localidade, dependendo da época do ano, é possível observar também o famoso pinguim-azul, a menor espécie de pinguim do mundo, baleias e com muita sorte, o golfinho-de-Hector, também considerado o menor de sua espécie. Tanto o pinguim-azul quando o golfinho-de-Hector são encontrados apenas na Nova Zelândia.
Caso queira estender o passeio da colônia de focas até o farol, no outro extremo do Cabo, a trilha desde o estacionamento dura 3 horas ida/volta.
É um lugar lindíssimo para observar os animais, o mar sem fim agitado e o por do sol.
Denniston
Antes a maior mina de carvão da West Coast, contando com duas mil pessoas morando em suas redondezas, Denniston é hoje apenas uma cidade fantasma.
Sua história é magnífica e o que sobrou do que antes foi um chamariz para milhares de pessoas decidirem um dia viver na região continuam lá, como um museu a céu aberto.
Lá de cima, a 600 metros acima do nível do mar, no platô do Monte Rochfort é possível avistar toda a costa, mas o mais incrível é ir até seu declive, altamente sofisticado para a época, por onde os vagões cheios de carvão desciam pela montanha para abastecer os trens que trafegavam ao nível do mar.
Millerton
Outra cidade fantasma que floresceu no passado por causa da extração de carvão, Millerton apresenta suas ruínas em meio à selva, com seus trilhos escondidos por entre as árvores e suas paredes intactas, assim como seus túneis.
Charleston
Charleston foi uma cidade que, na época da corrida do ouro, no final do século XIX, chegou a ter cinco mil habitantes e mais de 90 hotéis e pubs. Alguns dizem que quase tornou-se capital do país devido à sua importância e rápido crescimento, mas hoje não passa de um vilarejo praticamente abandonado, que sobrevive com o pouco que sobrou das histórias passadas.
Lyell
Era uma cidade fundada a partir da corrida do ouro. Ficava às margens do Rio Buller e hoje nada restou dela além do cemitério. A mata tomou conta do sítio, mas é possível ainda hoje refazer o antigo caminho que os habitantes percorriam, chamado de The Old Ghost Road (ou a antiga estrada fantasma), que é considerada a maior trilha estreita da Nova Zelândia, levando cinco dias para percorrer tudo.
Hector/Ngakawau
Nosso house sitting da West Coast aconteceu em Hector, um vilarejo que junto a Ngakawau poderiam ser considerados uma só cidade, caso ambos não fossem separados por um rio, visto que juntos somam apenas 300 habitantes.
A maior atração local é a trilha do Charming Creek, que começa ao lado de uma mina de carvão ainda ativa, um dos últimos suspiros da era passada e segue até os vestígios do que foi Charleston um dia.
Com muita sorte, é possível avistar os golfinhos-de-Hector na praia.
Charming Creek Walkway
Uma trilha de seis horas ida/volta, começando em Ngakawau, passando pelo antigo caminho de trem de uma mina de carvão do início do século XX mistura história e natureza em um passeio só. É possível fazer a pé, de bicicleta (mountain bike) ou de moto. O caminho é bastante agradável, seguindo sempre pela margem do rio, nos trilhos do antigo trem, passando por abismos, túneis, pontes suspensas, ruínas, vagões deteriorados e várias cachoeiras.
Karamea
É a última cidade da SH67 e da West Coast, bastante isolada do restante da região, pois é cercada por montanhas. A comunidade possui cerca de 400 habitantes e uma dezena de ruas. Não possui muitos atrativos, mas agrega muitos turistas que chegam ao local para explorar a Oparara Basin, um ponto turístico natural único, ou para partir para a Heaphy Track, uma das Great Walks da Nova Zelândia.
Oparara Basin
Um conjunto de túneis naturais de calcário formado pelo Rio Oparara, que corre por toda a extensão e possui uma curiosa cor avermelhada, é o grande motivo a atrair turistas para a região. O mais famoso de todos, o Oparara Arch, é considerado o maior do hemisfério sul, possuindo 37 metros de altura, 79 de largura e 219 de comprimento. Com suas paredes cobertas por estalactites e estalagmites é realmente incrível, ou mesmo inacreditável de se ver pelo seu tamanho.
Olá! Uma dúvida:
A West Coast é muito inviável (ou as paisagens não serão tão bonitas) durante o inverno?
Oi Daniel, não é inviável não. Você só tem que ver se na data que você pretende ir estará chovendo muito. São comuns longos períodos de chuva por lá que podem estragar seu passeio, já que as atrações são ao ar livre. Mas o inverno tem a vantagem de ter as montanhas nevadas, que fazem toda diferença na paisagem. No auge do inverno o Arthur’s pass pode ficar fechado nos dias de nevasca mais forte e a opção passa a ser cruzar pelos Nelson Lakes ou lá no Sul, por Wanaka e Haast.
OK, obrigado!!
Eu estou indo para ver o tour do Lions contra os All Blacks no fim de junho/julho, então não vou conseguir fugir muito das datas rs Serão 3 semanas corridas…
Parabéns pelo site, está sendo minha referência em busca de informações.
Obrigada a você, Daniel, pela confiança! Uma ótima viagem para a Nova Zelândia, curta muito por nós!
Nossa, que lindos esses lugares!
Se eu soubesse deles quando fui à Nova Zelândia alguns anos atrás..
Acho que passei apenas por Charlestown.
Lindos mesmo, não? Uma pena a região ser pouco divulgada que acaba esquecida perto de tudo o que tem de mais famoso no país.
Muito legal e bem detalhado este post de vcs. Visitamos quase todos esse lugares e adoramos. Parabéns pelo ótimo trabalho! Abraço, Babi e Vagner
Muito obrigado, pessoal. Uma pena que a gente não chegou a se encontrar aqui na Nova Zelândia, mas em breve vamos para a Ásia e entraremos em contato com vocês.
Um abraço,
Carlos e Larissa
Olá!
A cada foto e relato q recebo da NZ, eu tenho mais certeza que esse país é o lugar que eu quero passar o resto da minha vida e criar meus filhos! Esse lugar é mágico, lindo e inspirador.
Meu marido e eu estamos nos preparando para tentarmos o WHV e, qm sabe, a gente num consiga ficar de vez por aí?! 🙂
Boa sorte e continuem nos presenteando com mais imagens daí! :*
Muito obrigado, Josi! Venha sim e se organize bem para conseguir o Working Holiday Visa – foi por ele que nossa história toda começou!